quarta-feira, março 30, 2016

CAMINHO DE TREVAS PARA A LUZ

É preciso caminhar nas trevas para dar valor à luz,
é preciso chorar a desilusão para dar valor à alegria.
É preciso pisar a lama para dar valor às flores.

É preciso perder o trilho e a força que me conduz,
para dar valor à estrada plana e repleta de magia.
É preciso abrir os olhos e absorver todas as cores.

É preciso sofrer no silêncio para dar valor à felicidade,
é preciso beber o fel para dar valor ao doce néctar.
É preciso tropeçar e cair para dar valor à vida.

É preciso descer dos sonhos e encarar a realidade,
é preciso aceitar a indiferença sem me deixar afectar,
é preciso aceitar a injustiça sem olhar a estrada percorrida.

É preciso caminhar nas trevas para dar 
valor à luz!




quinta-feira, março 17, 2016

COM MÁGOA...COM BRAVURA!


Na minha frente há um mar sem fim, uma planície alentejana,
há o ir e vir das ondas encapeladas e brancas, há uma melodia profana
que embala os sentidos há muito adormecidos.
Na minha frente o infinito onde os sonhos adormecem
e as dores se perdem e simplesmente acabam, fenecem
em requebros de suspiros há muito reprimidos.


Na minha frente um céu de azul profundo e uma rubra papoila
para me lembrar que o sol nasce e sobre o mundo cintila
e sobre a vida se detém e sobre a vida se debruça.
Na minha frente abrem-se as portas de um novo amanhecer
que aidna não vejo, mas sinto aos poucos a crescer
das entranhas de uma vida que ainda dói e soluça.

Na minha frente há um caminho, um mar, uma planura,
 na minha frente há ainda a mágoa e a agrura
que os meus pés pisam enfrentando um novo dia... Com bravura. 

terça-feira, março 01, 2016

UMA MENTIRA











Tirei o vestido de seda, descalcei os sapatos de baile,
deixei os cabelos soltos nos ombros, lavei o rosto.
Vesti-me de nuvens e sombras, embrulhei-me no xaile
de negra noite. Tomei de um trago o vinho e o mosto
de uma vida de mentira.

Encetei nova caminhada na encruzilhada da tristeza.
Levo os pés nus de sonhos e as mãos abertas, vazias.
Cravado em mim levo o punhal da cobardia e a certeza
de nada valer, nada mais ser que imagens sombrias
numa vida de mentira.

Não me importa o sol, o vento e a chuva, ou mais um temporal!
Não me importa o que encontre porque a noite me acompanha,
é o meu vestido de luto e o meu véu intemporal.
É só mais uma estrada, um caminho que sigo como uma estranha
depois de uma vida de mentira.

Deixei o meu vestido de seda perdido no tempo passado,
vestindo-me de desilusão. Deixei os sapatos de baile abandonados
num salão frio de crueldade. Sigo de pés nus e rosto calado.
Sigo de olhos velados de lilás e negro e lábios secos, descorados
dos beijos trocados numa vida de mentira.

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...