quarta-feira, novembro 27, 2019

SERENO E NOITE ESCURA


Vesti-me de sereno, do negro manto da noite escura,
apaguei todas as estrelas, aconcheguei a doce lua
em cama de alvas nuvens velada por estranha alvura,
soprei desejos de amor na aragem da noite nua.
Soltei os cabelos ao vento da madrugada.
Fui gaivota, fui rapace, fui corça e fui algoz,
percorrendo uma longa e dura estrada.
Semeei-me nos caminhos, brotei de um solo feroz,
e cerrei os dentes à dor, mordi raiva e solidão,
percorri léguas e léguas em busca do meu tempo.
Dei-me à carne, dei-me à vida, jurei a vida ao perdão,
e neste percurso trôpego, ritmado a contra-tempo,
deslizaram auroras e ocasos. Marés sem marinheiros,
barcos que perderam o rumo. Primaveras e estios,
vogaram ventos e vagas, fazendo seus prisioneiros
todos os sonhos, arrepiando os medos sombrios.
Vesti-me de sereno e noite escura,
coroei-me de raios de alvura.



Lágrimas de lua





sábado, novembro 02, 2019

SENTIR ETERNO...INTENSO MOMENTO


Se olhares no horizonte e sonhares além do mar,
se abrires as asas ao vento e aprenderes a voar,
então solta as tuas amarras; liberta a ancora pesada,
pega no leme e nos remos da tua barca encantada
e faz-te ao vento!
Se olhares o voo das gaivotas cruzando as tempestades,
se gritares todas as dores, molhadas de duras saudades,
então serás guerreiro feroz, empunhando fina adaga,
penetrando o âmago do sonho, como onda que propaga
um encanecido lamento.
Se olhares a vida nos olhos, palmilhando-lhe os caminhos,
tortuosos ou singelos, agrestes escarpas ou suaves cantinhos,
então bolinarás nas memórias de tempos idos, algodoados,
de um sentir desmedido; amor eterno, silêncios inteiriçados …
Suspensos em sóbrio momento.





Lágrimas de lua

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...