domingo, outubro 17, 2010

VENDAVAL

Pés nus sobre o rochedo
assolado pelos vendavais,
cabelos ao vento no degredo
do silencio agonizante dos mortais.
Eleva-se bem alto a luz do sonho,
como um halo de santa benevolencia,
transfigura-se o sorriso tristonho
em gargalhada de inocencia.

Batida pelos ventos em des-harmonia
rasgada pela espera em lenta agonia.
Sacudida pelo sopro da certeza,
firmando os pés na clareza
do caminho que se abre rectilíneo
traçado pelo esquadro do destino
em passos medidos de declineo,
como se o mundo fizesse o pino
e às avessas corresse a maré-cheia.
E à lua numa dança louca e breve
se juntasse o sol em melopeia,
o meu olhar morrendo ainda se atreve
a cravar bem alto um agudo grito
como se de um pacto ou desvairado rito
dependesse a vida ou negra morte.
De pés nus sobre o rochedo
assolado pelos mais fortes vendavais,
abandonado somente à sua sorte
resiste à noite e ao medo,
resiste à dor e aos silêncios intemporais.


O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...