domingo, dezembro 27, 2009

TEMPESTADE


Há uma ventania que enfuna a vela solta
da pequena barca perdida e já sem rumo,
singra a custo contra a maré revolta
tentando manter a rota, manter o prumo.

Mas o mar teimoso, encapelado e duro
açoitando os flancos desagastados
corrói a madeira, destrói esse muro
que separa as almas dos desgraçados.
E o vento enchendo a vela bamba
empurra, torce, geme grita e rodopia,
sob a sua gritaria a barquinha camba
arrastando as vidas em agonia.
A ventania cresce enrugando as águas,
tragando as almas frágeis num turbilhão,
entrechocam-se as ondas de encontro às fraguas
e as lágrimas descem mansas na solidão.


quarta-feira, dezembro 23, 2009

FESTAS FELIZES

A LUZ, fez-se pequena estrela para iluminar os caminhos dos homens todos os dias das suas vidas.
O AMOR, desceu à terra no choro indefeso de uma criança para que os homens tivessem a VIDA que jamais tem fim.
No NATAL apenas relembramos com mais intensidade tudo isto. Hoje chega-nos mais um NATAL, façamos dele um hino de Glória, Vida, Amor e PAZ.

FELIZ E SANTO NATAL

quarta-feira, dezembro 16, 2009

VERÃO


Acabara de acordar.
Pela janela entrava o sol em jorros luminosos e fortes, embora o dia mal tivesse também acordado, adivinhava-se um belíssimo dia de verão, quente, luminoso, resplandecente e alegre., Espreguiçando-se deleitada e mole da noite bem dormida, descobre o corpo nu e salta da cama, encaminhando os passos para um revigorante duche matinal.
Mas o sol chama-a pela vidraça, descalça e de cabelos em desalinho vai colar o rosto ao vidro já quente, piscando á intensidade luminosa. Pelo jardim corre o melro atrevido que todas as manhãs vem buscar as migalhas que ela lhe deixa cada noite, os pardalinhos reboludos saltitam de migalha em migalha fugindo em piados estridentes do negro e grande melro de vibrante bico amarelo, que reclama o seu quinhão do festim. Duas borboletas brancas dançam o seu bailado de corte nupcial dando um toque de magia á manhã. A verde relva já pede água para manter o seu habitual frescor, mas lança o seu apelo mudo ao rosto que a observa de janela do quarto.
Esquecendo-se das horas, planos, projectos e trabalho, enfia o transparente camisão que usa normalmente sobre o fato de banho e lança-se escada abaixo, abre a porta das traseiras e vai sentar-se sobre o manto verde que cobre o jardim, as mãos afagam as ervas e aos poucos vai deixando descair o corpo, ficando deitada de barriga para cima, olhos fechados apenas sentindo o calor do sol matutino invadi-la aos poucos, as pernas já morenas, os pés nus, as coxas que sob a túnica espreitam, o peito que sobe e desce cadenciado ao ritmo da respiração, e que, mal escondido se evidencia redondo, sob o tecido leve. Os cabelos espalhados pelo chão, tudo é doçura e silêncio.
Um outro rosto contempla da mesma janela, em igual quietude e de respiração suspensa a imagem da mulher que se recorta a seus pés. Aos poucos um sorriso vai-se abrindo no rosto ainda por barbear e com os traços de uma noite tão bem dormida quanto a dela.
Lançando sobre o corpo um roupão leve desce as escadas e entra na cozinha, põe a chaleira ao lume e desce de manso em direcção ao local onde ela permanece de olhos fechados, meio sorriso nos lábios e perfeitamente imóvel.
Sem querer quebrar o idílico momento, estende-se devagar ao seu lado e passa-lhe um braço sobre o corpo, fazendo descer sobre o rosto calmo o seu, para depositar um beijo suave nos lábios entreabertos.
É o Verão, que acolhe aqueles dois corpos vibrantes e plenos de energia, a terra será o leito, e o perfume que dela se eleva mistura-se com um outro não menos forte; O amor feito vida.
Lá do alto o sol lança os seus raios quentes com maior intensidade, penetrando fundo no solo sedento de calor.
As aves espreitam o jardim silencioso, vibrante e transbordante de vida, troca e amor.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

INVASÃO DO VAZIO


Um sopro de ar vindo da alma

do mais profundo do ser,

lança nesta aparente calma

a saudade do querer,

a invasão do vazio que morde

pela madrugada.

Cada momento é um acorde

de uma guitarra quebrada

em estranha melodia.

Tão oca sinfonia!

Um sopro de fria verdade

evade-se do fundo do ser,

vem de manso, sem alarde,

vem matando e a morrer.

Notas quebradas de vida

que a vida já esqueceu,

e na fúria da alma sofrida

entregou as armas e morreu.

Acordes vindos do nada

rasgando a alma à desfilada!

segunda-feira, novembro 30, 2009

WHAT'S THE USE...


Smile, what's de use of crying?
Life is never what we wish for,
but if we keep the sun shining
life will be worth living for.
Smile, what's the use of crying?
Time goes by and days come and go
the pain never vanish, still hurting,
still missing my link. My broken link;
You.
But...Smile, what's the use of crying?!
There's no answer to my questions,
so I go, step by step… Smiling...
What's the use of crying, anyway?

quinta-feira, novembro 05, 2009

SEM ABRIGO

Passa o tempo
não o vazio,
passam os dias
não a ausencia.
Passa o tempo
neste lamento
de quem no vazio
sente eterno frio.
Passam os dias
sem alegrias
e a tua ausencia
é a permanencia
desta dor que não abranda,
que caminha comigo
no silencio que comanda
este seguir sem abrigo.

terça-feira, outubro 27, 2009

DESAGREGAÇÃO


Partiste um pilar na minha estrutura
mal estruturada e insegura,
deixaste o teu lugar tão vazio,
tão nu e tão, mas tão frio.
Partiste um pilar da minha vida,
e nada se recompõe, estou dividida
entre a saudade e a incerteza
se quero continuar.
Diz-me, será esta a minha fraqueza
de não querer mais em frente olhar?
O tempo passa mas tu ficas
preso, ancorado no meu porto,
e as nossas memórias, as mais ricas
doem, doem como dói o meu morto.
Partiste de mim um pilar; Tu,
faltam os lugares, as palavras,
tudo é tão desesperadamente nu,
faltam as conversas que falavas.
Porque partiste? Porque não estás?
Porque deixaste este vazio desajustado
este travo de horas más,
este querer-te desmesurado?

segunda-feira, outubro 05, 2009

DO OUTRO LADO DO ESPELHO...TU

Como o sol no horizonte descendo lentamente

assim a vida ser recompõe suavemente.

Dói saber que já não estás, ou estarás,

mas se for verdade, sei que me verás,

desse lado do espelho, desse lado da vida.


Como pudeste pensar que vivo sem ti?

Como me deixaste sozinha aqui?

A vida volta aos poucos ao lugar

mas o meu coração continua a sangrar,
e eu...Ainda tão dividida.

Não te posso ver, não podes voltar,

não te posso sentir, tenho que ultrapassar

esta dor de perder-te meu amigo!

E saber que não vais estar mais aqui comigo.

Envia-me a força de que sempre me falaste,

desse lado do espelho para cá.

O "fio" que me ensinaste e entre nós criaste

não foi destruído pela tua morte e está

na minha mão e na tua..Só o espelho nos separa...

Tu vês-me eu não.


sábado, outubro 03, 2009

O TEMPO ...ETERNO E DURO


Passa o tempo, as horas, os dias,

passam os locais, e as memórias

passam diante do meus olhos.

Ainda há pouco tu te rias

e querias celebrar novas vitórias,

viver novos desafios sem escolhos.

Agora a cinza espalha-se no ar

e o teu sorriso peculiar

cola-se à minha lembrança

como uma lapa ao rochedo.

Custa viver sem a esperança

de te voltar a ver! É o degredo

saber que não voltas, não estás!

Cruzar lugares, pessoas, memórias,

anos vividos, coisas boas e más,

tantas foram as nossas histórias

que lhes perdi o conto.

E o nosso ponto de encontro

hoje é deserto e vazio,

perdeu o encanto..Faltas tu!

Mas porque está tudo tão frio????

Faltas tu!

segunda-feira, setembro 28, 2009

AS PALAVRAS QUE NÃO TE DISSE

As palavras que não te disse,
os momentos que não vivemos,
esta memória que persiste
e as rotinas que mantivemos,
tudo termina num sopro fugaz
de anjo, em breve passagem.
E este vazio duro e vivaz
que deixaste na aragem,
cola-se à pele como pó,
magoa ferozmente sem dó.
As palavras que não te disse
e jamais te direi
ficam no silencio triste
nas lágrimas que calarei.

domingo, setembro 27, 2009

A UM AMIGO MUITO QUERIDO


Hoje escrevo a lágrimas de saudade:
Partiste!

Partiste e o teu lugar de eternidade

dói como um ferro ao rubro.

Partiste!

Partiste e agora descubro

que vivemos tanto e tão pouco.

Riamos à momentos deste mundo louco

e agora...Partiste!

Ficam os teus olhos, a tua voz,

ficam as tuas mãos e os risos,

ficam os momentos a sós

e as zangas, as conversas, os sorrisos.

Partiste!

Tanta coisa que não fizeste e querias,

tanto sonho por indolência não cumprido.

Sei que se pudesses aqui estarias

mas a hora era a tua; Com ou sem sentido

era tempo de partires e...

Partiste!

Segredo ao vento no aroma da terra

onde me ensinaste a "ver" a serra,

a ser aquela que escuta e sente,

que vibra e se transcende.

Partiste!

Mas a semente que plantaste,

essa AMIGO, ainda VIVE, eternamente.

sábado, setembro 12, 2009

ALMAS QUE PENAIS

A chuva, descendo suave, caiu

mansa e sombria como o dia,

tristonho, enfadonho e frio.

As gotas pérfidas e desconsertadas

cravaram as garras à porfia

nas minhas mãos desgarradas,

abertas, inertes, silenciosas.

A esperança morre tarde,

solteira, enrugada. Desastrosas

as almas que com ou sem alarde

vivem dela, por ela caminham.

Tristes almas que penais

nas estradas que se alinham

no horizonte longínquo e pensais;

A Esperança é o caminho.

Ai de vós que soçobrais!

Ai de vós que vos perdeis!

Porque a Esperança morre de mansinho.

sábado, agosto 22, 2009

POR TERRAS DE DRÁCULA- ROMÉNIA E BULGÁRIA

Uma viagem de maravilha











Roménia - Memorial aos caídos da
Força Aérea











Roménia - Museu Etnográfico
casa típicas das regiões Romenas










Roménia- Museu Etnográfico
Casas típicas










Valáquia










Palácio de Peles - Roménia










Palácio de Peles - Jardins- Roménia









Danubio- Bulgária









Veliko Tarnovo - Bulgária











Bulgária - Mosteiro de Rila

Flores em Rila

terça-feira, agosto 18, 2009

Um...Uma...Quantos?!

Um livro aberto...

Uma página por escrever...

Uma lágrima por cair...

Um dia encoberto

com o sol por nascer

e a neblina a surgir.

Uma vida por viver,

um sonho por cumprir,

um sorriso por surgir.

Uma lágrima mais por descer

na face cansada de sofrer.

quarta-feira, julho 15, 2009

AVÓ (cont)


...Ela mostra-lhe a filosofia dos povos, a “alma” que se solta das vivências, ele mostra-lhe a geografia, a história, a humanidade, a realidade que conhece tão bem, e ambos fazem daquelas paragens o seu lar. Integram-se cada vez mais na mentalidade, sem contudo esquecerem as suas origens, sem contudo esquecerem o seu propósito e a missão que o governo do seu país lhes deu, mas o conhecimento aprofundado daquela terra ajudam-nos a cumprir muito melhor o seu trabalho e fazer benfeitorias inigualáveis. Inês inebria-se com as cores quentes de África, perde-se destemida nos mercados, que aprendeu a conhecer, deleita-se na mistura exótica dos aromas fortes das especiarias; Açafrão, Noz-moscada, Gengibre, Pimentas, ervas aromáticas que maneja como qualquer dona de casa africana, ao mesmo tempo que eleva a alma ao ritmo da filosofa asiática. Os artefactos de ambas as culturas co-habitam harmoniosamente no seu apartamento, e só lamenta não ter uma das mansões enormes dos sultões, ou dos emires, para poder dispor de espaço para tudo o que a cativa e quer ter ao seu lado. A biblioteca de Filipe é outro manancial e nos primeiros tempos sempre que lhe era permitido pelo trabalho, esquecia-se das horas naquele espaço calmo e sóbrio, onde colheu ensinamentos preciosos, bases para a sua vida por aquelas paragens. Aprendeu a flora e a fauna, aprendeu culinária, iniciou-se na língua e passou à escola para falar um árabe e um hindi fluentes, já que línguas eram o seu ponto forte, aprendeu história e geografia, embrenhou-se nas religiões e estudou os costumes, as filosofias que a fascinavam e lhe davam perspectivas que jamais conhecera ou se atrevera a desenvolver. Era Filipe quem muitas vezes a ia lembrar que no dia seguinte tinham que se levantar cedíssimo para o trabalho que os esperava, e era sempre com uma expressão de amuo ligeiro que arrumava os livros de novo nas prateleiras. Ao que ele rindo lhe dizia que os livros deviam de noite fazer um baile porque em anos nunca ninguém os consumira tanto como agora. O rosto alegre e atento da rapariga era cada vez mais insinuante na vida de Filipe, a presença e o trabalho de Joana desenvolviam-se a um ritmo certo que deixava o embaixador descansado e confiante nas capacidades por ela demonstradas. Viam-se resultados concretos das suas acções e empreendimentos graças ao trabalho e empenho de ambos, e ela mostrava uma faceta peculiar e inata que lhe emprestavam a graça que o tinha encantado no aniversário da afilhada. Muitas vezes ia espreita-la sem ruído só para lhe captar a expressão compenetrada e atenta, ou ouvir a gargalhada típica se era apanhado em flagrante.
Passaram-se os anos, e do pequeno apartamento restavam os artefactos habilmente recolocados no casarão que entretanto haviam comprado, as horas de biblioteca eram agora a dois, e os escritórios eram apenas um, tal como o empenho, amor, e apego aquelas paragens que haviam unido dois corações num só. África e Ásia, Joana e Filipe."
O olhar perdido num horizonte distante, nas terras vermelhas que tanto amou, no exotismo em que foi feliz, mulher e mãe. A mão que prende na sua traz-lhe as recordações dessa outra mão que há muito tempo trás envolvia a sua e lhe dava a certeza de que tinha escolhido o caminho certo. Avó Joana deixa que uma lágrima cristalina, qual gota de orvalho, se prenda delicadamente nas pestanas ainda compridas e fartas que, docemente, descaem sobre os olhos.


FIM

terça-feira, julho 14, 2009

AVÓ (cont)

....E o passeio continuou, mudando o rumo da conversa e passando de novo para a magia do continente vermelho, agora com as pinceladas alegres e vivas de um Filipe que parecia agigantar-se na tarde que ia caindo, alegre, solto e fluente de descrições animadas. Ora alegres, ora mais sombrias, ora cómicas ora tristes. As vivencia em paragens longiquas, em experiencias novas, prendia completamente a atenção de Inês, que se deixava embalar e a sua imaginação evoluir nas palavras e relatos de Filipe.
O lusco-fusco acabou por desperta-los e lembrar-lhes que havia horas tinham saído do salão e provavelmente tinham a família toda à sua procura. Rindo-se da situação, despediram-se de Bernardo que ficou a acenar dos portões de ferro do Roseiral, com um sorriso aberto na face. Apressaram o passo pelas veredas, rindo da situação e entraram sorrateiros por uma das portas ainda abertas de par em par. As luzes no exterior já estavam acesas, mas parecia que ninguém dera pela falta dos dois. Acercaram-se das mesas e continuando a conversa foram petiscando daqui e dali cada vez mais embrenhados em temas que eram de interesse comum. Filipe estava já tão à vontade com Inês que lhe travou o braço para a conduzir para um canto mais sossegado do salão instalando-a numa poltrona macia e indo buscar para perto dela uma mesinha baixa para onde trouxe comida e dois copos de vinho branco gelado, saído das caves dos seus compadres com o qual se deliciaram ambos. A hora da abertura do bolo de aniversário de Joana aproximava-se a passos largos e todos se reuniram para o tradicional “parabéns a você”, Inês e Filipe juntaram as suas vozes ao coro mais ou menos afinado dos convivas e comeram a meias uma fatia de bolo já que ambos não eram apreciadores dos inúmeros cremes que o cobriam. Fosse por essa fatia comida entre os dois, ou pela tarde que haviam passado a descobrir-se, fosse porque o destino se entretivesse a pregar partidas, essa noite marcou a viragem na vida de Inês.
Uma semana após os anos da amiga recebe um telefonema a solicitar que fosse à embaixada da Tunísia. Estupefacta pergunta o porquê do pedido e quem pretendia falar com ela e sobre que assunto, uma vez que jamais tivera fosse o que fosse com o país nem conhecia ninguém lá. A resposta foi breve; O embaixador pretendia falar com ela e fazer-lhe uma proposta. Sem saber o que fazer ou pensar, tenta falar com Filipe e perguntar o que deve fazer, mas o seu telefone permanece inacessível e assim vai à entrevista marcada com o coração mais pequeno que um bago de arroz. No dia marcado e à hora prevista apresenta-se no edifício, nervosa e apreensiva. O seu fato saia e casaco azul e a camisa branca, a sombra ténue que pôs nas pálpebras e o risco que traçou nos olhos, o conjunto de safiras, bem como os sapatos de salto que sempre usa, dão-lhe um ar a um tempo elegante e jovial, só o sorriso treme no rosto. É conduzida a uma antecâmara onde lhe é pedido que aguarde um pouco que a secretária do embaixador virá busca-la. O que acontece passados poucos minutos. Uma mulher de meia-idade baixa e de aspecto eficiente, com um sorriso indulgente no rosto leva-a até à porta forrada a carvalho que abre devagar anunciando a chegada da rapariga. Um sorriso de satisfação e um olhar atento, recebem-na no homem alto e impecavelmente vestido que apressa o passo para lhe pegar na mão e cumprimenta-la rindo com gosto da expressão de espanto e admiração gravada no rosto que para ele se eleva. Inês, esperava qualquer pessoa, menos Filipe em carne e osso. Achara muito estranho o telefonema, mas nem por um segundo lhe ocorrera pensar que a mão dele estava por trás de tudo. Deixa-se cair no cadeirão sem conseguir articular uma palavra. E quando os ânimos se acalmam ele explica-lhe o motivo do seu contacto.

Vai partir em breve pelo continente africano, as férias foram curtas e a missão de negócios com os países árabes e asiáticos continua. Tunísia a “sua” embaixada será a primeira paragem, depois é o périplo africano. Consultou, pediu e aprovou as credenciais dela, pediu aprovação superior e tem para lhe oferecer o cargo de o secretariar e acompanhar. A sua secretária ali não pode deslocar-se mais, porque se vai aposentar, e não tem saúde para o clima africano, já viveu muitos anos no estrangeiro, acompanhando os embaixadores chegara a hora de se retirar. Estaria Inês disposta a aceitar o desafio? Seria ela capaz de seguir Filipe? Concretizar um sonho, crescer, e desenvolver os seus dotes até então tão subaproveitados? Muda de espanto e com a cabeça a rodopiar, olha para ele sobre a secretária, tentando ordenar ideias, tomar decisões, e dar uma resposta coerente numa fracção de segundos que aos dois pareceu uma eternidade: - “Sim! Sim, claro que sim!”
Feitos os preparativos, tratada da documentação toda, chegava a hora da partida. À medida que o tempo se aproximava, as dúvidas assaltavam a jovem, os receios de se ter metido num voo alto demais para as suas pouco experientes asas. O medo de fracassar pondo em risco um país, acordos governamentais e o bom nome e figura de Filipe, deixavam-na noites sem dormir. E o dia finalmente despontou, radioso e ensolarado. As malas prontas, os documentos em ordem, as contas saldadas, os móveis cobertos, o carro na garagem dos pais de Joana, os peixes e a tartaruga entregues aos cuidados da amiga e na alma a esperança, o sonho, o desejo e a força de concretizar um projecto. Uma apitadela diz-lhe que é hora de elevar uma prece aos céus, fechar a porta atrás de si e embarcar numa nova vida. No carro o rosto alegre de Filipe, saúda-a e encoraja-a a olhar com força para o caminho que ele lhe oferece.
África, a misteriosa e bela África! Rende-se a seus pés. Dali em diante e enquanto não se familiarizar com o ambiente terá que aprender a confiar em Filipe, seguir Filipe, aprender de Filipe. Será como cego guiado pela mão, e que mão se estende para ela! Instalado no seu gabinete de sempre, instalada no espaço que aos poucos via fazendo seu também, aprende a ser senhora do mundo, livre como as aves, aprende costumes novos, descobre uma miríade de situações que tem que dominar, saber, perceber. É como esponja que se ensopa de água e cresce, dilata-se. Filipe vai aperceber-se que o seu palpite foi um tiro certeiro e que a escolha não podia ter sido melhor. Inês é uma fonte inesgotável de surpresas, adapta-se com a maior das facilidades aos salões muçulmanos, cumprindo sem erros os rituais, como aos bairros dos subúrbios onde as galinhas e os gatos, esgravatam o mesmo solo seco e árido, ou os souks de mil cores e cheiros, onde o dinheiro é lavado e o turista enganado. Ou ainda o agendamento correcto e meticuloso da agenda sempre carregada, sem que falhe uma recepção, um jantar, uma reunião, uma ida ao ginásio, ou uma partida de squash, ou a canoagem no fim-de-semana. Inês é eficiente e atenta e a terra africana exerce nela um fascínio que não sabe explicar. Sempre que pode, passeia, visita, estuda, faz amizade, e no círculo onde agora gravita fácil é encontrar quem lhe encaminhe os passos, quem a “eduque”.
Os cheiros, as cores, os mercados, as especiarias, a religião, a língua, os hábitos, os costumes, a maneira e viver, tudo se cola à pele, tudo a faz vibrar. Em breve se torna africana, árabe, muçulmana, multifacetada como a cultura. Viaja com Filipe para onde quer que ele vá em serviço e em breve é ele que não prescinde da sua companhia seja em que circunstancias for. No trabalho e no lazer. É assim que depois de conhecer os países em serviço fazem viagens de estudo, de turismo e aprendizagem.....
(Continua)

segunda-feira, julho 13, 2009

AVÓ

- “Avó…Conta uma história…”
- “ Estou cansada minha querida…” – De olhar perdido no verde do jardim a velha senhora acariciava distraída a cabeça morena que no seu colo repousava e deixava que as memórias se fizessem palavras e essas se apresentassem como histórias, onde o real e o imaginário se enlaçavam harmoniosamente. Muito lentamente a voz doce elevou-se na morna brisa da tarde embalando o sonho e despertando a imaginação:
- “ Há já muito tempo numa cidade grande e luminosa uma jovem determinada e sedenta de descobrir, iniciou uma caminhada que a levaria longe, muito longe. Ultrapassados os vinte anos havia alguns, a vida chamava-a com força, a aventura espicaçava-lhe o ânimo e o desejo de descobrir novos mundos era uma constante da sua vida. As culturas, os povos, os costumes, tudo o que fosse diferente a prendia e encantava, lhe lançava apelos mudos. A condição económica não era desafogada e como tal não se podia dar ao luxo de empreender viagens a seu belo prazer, tinha que se contentar com uma viagem grande por ano, quando podia, e escolher o melhor possível o seu destino de férias. Mas, a decisão era sempre tão difícil!
Já conhecia parte da Europa, a Ásia e a África continuavam a acenar-lhe de longe, o apelo intenso que sentia por aquelas culturas crescia a cada ano que passava, e dizia de si para si que não morreria sem ver, pisar o solo, perceber, experimentar, conhecer aquele mundo novo. Um dia, numa festa de aniversário de uma grande amiga, é-lhe reapresentado um familiar dela, o padrinho, um homem alto bem constituído, de rosto aberto e olhar penetrante, bem-falante e de sorriso sempre pronto nos lábios. Chegara havia horas de mais uma viagem de trabalho e viera directamente para os anos da afilhada que não via havia vários anos. Diplomata de profissão, as viagens e os contactos eram a sua vida. Depois de cumprimentar efusivamente a afilhada e os pais e de ter sido apresentado a uns quantos amigos destes, dos quais ela fazia parte como visita da casa, acabara por se ir sentar perto de uma das portas de acesso ao jardim a conversar com o compadre. As duas raparigas riam e conviviam com o grupo mais jovem e a tarde ia-se passando entre brincadeiras e jogos, entre memórias e musica, entre as escapadelas furtivas dos namorados pelo jardim. As mesas postas dentro e fora de casa, davam espaço para que as pessoas circulassem sem serem obrigadas a conviver e os grupos estavam formados entre agindo com graciosidade e à vontade.
O calor dentro de casa embora as janelas e portas estivessem abertas empurrava de quando em vez as pessoas para os bem cuidados jardins e para o lago. Deixando o seu copo sobre uma das mesas e aproveitando um momento de sossego, Inês desce ao jardim deleitando-se com a brisa morna e evitando os grupos ruidosos que por ali se espalham e os pares escondidos nas pérgulas bem cuidadas. Os seus passos no cascalho soavam cadenciados em direcção a um dos seus lugares favoritos, onde sempre que lhe era permitido, passava horas deliciosas; O Roseiral. Lá o velho jardineiro negro desfiava histórias de rosas e flores, de lágrimas e sorrisos, de outra vida de outro continente, de uma outra realidade que a deixava a sonhar. Para lá se dirigiu sem pressas aspirando o perfume dos lilazeiros e dos buchos bem aparados. O Roseiral tinha sido um presente pelo nascimento da amiga que o pai fizera à esposa, que adorava rosas, e por cada ano de vida da filha uma nova roseira de uma espécie diferente era plantada. Havia-as de todas as cores, trepadeiras, miniaturas, arbustos, exóticas e comuns. Era um espaço muito especial e mágico para Inês, que desde que se lembrava ia sempre ver qual a nova roseira que tinha sido plantada, ao contrário da amiga que não ligava nenhuma aquele espaço.

O velho Bernardo lá estava, dir-se-ia que à sua espera, de chapéu de palha nas mãos calosas e negras, e sorriso franco aberto no rosto, para prender nas suas mãos grandes as mãos da jovem macias e brancas e leva-la como se de uma menina se tratasse a visitar o seu palácio encantado, feito de pétalas e aromas delicados. Inês deixou-se conduzir, como sempre pelo velho negro e deixou-se embalar de cabeça nem sabia bem onde, pelas histórias. Numa volta de um dos caramanchões feito de rosas alaranjadas docemente perfumadas, dão de caras com o padrinho da amiga que em silêncio passeava pelo Roseiral. Bernardo cumprimenta o senhor com uma alegria estampada no enrugado rosto e explica que muitas das rosas que encantam e deliciam Inês foram por aquele senhor, que ele trouxera ao colo, enviadas e que sempre que visita a casa vai, tal como ela, visita-lo e o jardim.

Embaraçada e sem saber o que dizer, apanhada de surpresa, sorri sem dizer palavra, e continuam os três o passeio calmo ouvindo a voz quente e cadenciada do negro. De vez em quando o homem olha-a com admiração ao ouvi-la, já esquecida da sua inibição do inicio e mostrando a espontaneidade natural em si. De repente dirige-lhe a palavra para lhe dizer: - “Desculpe, mas não captei a sua graça”. - “Chamo-me Inês, Dr. Medeiros”. – “Por favor Inês, trate-me como todos nesta casa por Filipe! Posso fazer-lhe uma pergunta?” – “Claro que sim, diga…” – “ A Inês há quanto tempo conhece o Bernardo e a minha afilhada? Onde tem estado escondida estes anos todos que nunca a vi?” Com uma gargalhada das suas a rapariga responde-lhe: - “ Dr.…. Desculpe, Filipe, mas eu tenho estado sempre cá nos anos da Joana, sou visita da casa desde criança, nos últimos anos é que não estive presente enquanto estava a acabar o curso e em estágio, mas…Sempre estive por cá. Conheço o Bernardo desde menina e andei ao colo dele vezes sem conta…Recorda-se do burrinho russo que a Joana teve de presente e que tinha duas cestas? Pois eu e ela e o Bernardo claro para tomar contas das “marias rapaz”, éramos a carga do pobre animal durante as tardes de verão.” O olhar profundo bem nos seus olhos e a gargalhada cristalina estremeceram o ar naquele instante. – “ Pelo que percebo você tem uma sede imensa de saber. A Inês licenciou-se em quê?” – “Humanísticas e Línguas”. – “ E actualmente, para além das rosas e das histórias do Bernardo e dos anos da Joana, faz o quê, posso inquirir?” O sorriso foi morrendo aos poucos no rosto da jovem e Filipe apercebeu-se que não deveria ter feito a pergunta por isso apressou-se a dizer: - “Desculpe Inês, não queria de modo algum perturba-la e muito menos estragar-lhe o dia, esqueça por favor a pergunta.” – “ Não, não se preocupe, não tem mal algum. De momento procuro alguma coisa que seja mais próxima de mim, o emprego que tinha acabou e como tal estou em busca, mas agora, se me fosse possível, gostaria de ter hipótese de me «fazer crescer» se entende o que quero dizer.” Um aceno ligeiro de cabeça foi a resposta....

(Continua)

segunda-feira, junho 29, 2009

TROVOADA

Provavelmente não irá saber o que a acordou, aliás como é normal; Se o calor da noite, se a trovoada longínqua mas persistente como um ronronar surdo, se a chuva miúda e certa se as saudades que lhe roem o peito. O certo é que mais uma vez acordou e ainda é noite fechada.

Descalça foi à janela, abriu-a de par em par e deixou que a brisa fresca da noite lhe percorresse o corpo coberto pela translucida camisa de noite que lhe disfarçava as formas femininas. A aragem morna e o silencio apenas cortado pelo trovão ao longe enchiam-na de uma paz magoada que não sabia descrever. Na sua mesa de cabeceira repousava o diário aberto e a caneta, as palavras que ensaiara escrever para extirpar a dor, para arrancar aquele espinho eternamente cravado no seu coração e que não cessava de fazê-lo sangrar, eram como conchas vazias rolando na espuma da maré. Nada!Nem uma única palavra traduzia a amálgama de sentimentos que a assolavam. A noite carregada de nuvens ameaçadoras tinha uma estranha luminosidade, a luz da lua brilhava pardacenta por trás da densa cabeleira de nuvens emprestando ao ar aquela fulguração esquisita, amarelada, acobreada e algo rosada que caía do céu como um manto. O silêncio era absoluto! Nem o restolhar das aves nos ninhos, nem o pio de algum mocho ou ave nocturna, nem as folhas pareciam mexer-se. Nada bulia, era como se o mundo se tivesse imobilizado naquele instante, cristalizado, transformado em pedra por alguma Circe desconhecida que rondasse as estradas desertas e os perdidos caminhos dos homens.

Debruçada na janela deixava-se embalar pela morna brisa que lhe deixava os cabelos em desalinho e a percorria como uma carícia doce e suave. Os olhos fechados e o coração longe...Muito longe...Em outras noites, noutros braços bem mais reais que os do vento, noutras carícias mais ternas que as de uma noite de verão onde a chuva quente lhe encharcava a delicada camisa colando-a à pele. E o sonho, a dor, a ausência, o desejo de ter o que jamais teria, o que jamais seria seu, inundavam-lhe a alma subindo aos poucos, apertando-a, estrangulando-a como uma cobra traiçoeira num abraço fatal. O espinho cravava-se mais um pouco no seu coração e a dor tornava-se mais forte, dos olhos teimosamente cerrados desciam pesadas gotas que se juntavam às lágrimas vindas do céu. A tristeza do alto era como um xaile que lhe dava abrigo, que a escondia no seu seio e lhe dava de certa forma conforto. Tal como ela a natureza chorava, tal como ela a natureza estava ferida, magoada, só. Aquele silencio que o ribombar ainda manso e distante do trovão cortava fazia o seu peito elevar-se num espasmo cadenciado que aos poucos ia aliviando a amargura que, de certo, fora a causa do seu despertar e de mais outra noite de insónia. As sua lágrimas sentidas e quentes caiam junto com a chuva morna nas pedras da calçada engrossando a bátega que caía agora com mais força deixando-a de cabelos ensopados e a camisa totalmente colada à pele. Parecia nada sentir, entregava à noite a sua dor, a sua imensa dor que jamais confessava, que jamais dizia a extensão, o tamanho, o rasgão profundo que na sua vida havia sido feito.


A trovoada estava agora bem mais próxima e um relâmpago forte e brilhante risca o céu pardacento fazendo-a abrir os olhos e desfrutar do espectáculo. O ar ficou impregnado daquele cheiro característico das descargas eléctricas em tempo de chuva e por momentos a sua atenção elevou-se para o Alto, para aquela demonstração de força da natureza, tomou como que consciência do tamanho ridículo da sua dor, da sua própria pequenez frente a uma força como aquela. A dor abrandou, deixou-se tocar. E dos seus lábios um breve murmúrio se elevou que a aragem morna e as gotas de chuva quente levaram até se perder; Obrigada, obrigada!


quinta-feira, junho 04, 2009

ANJO NEGRO

Anjo de asas negras

cobre de luto cerrado

o meu caminho de pedras.

trilho em mim gravado.

Anjo de negro voo,

asas breves de infinito,

mascara o canto que entoo

e a tristeza do meu grito.

Abre as asas negro anjo!

Esconde o meu duro pranto,

saberás tu onde arranjo

a força do meu triste canto?

Anjo de asas de veludo,

vagas negras de solidão,

cobre com o teu rosto mudo

os resto desta paixão.

sexta-feira, maio 15, 2009

PALAVRAS DE VENTO E CHUVA

Escrevo no vento as palavras que guardo

perdidas, trancadas em mim.

Escrevo neste tom sombrio e pardo

a escuridão fria e sem fim.

Escrevo na dourada manhã

com laivos de maresia,

cravo, canela e hortelã,

rosas bravas de magia.

Escrevo no vento e na chuva,

escrevo nas nuvens, no mar,

escrevo na lágrima que turva

o meu tristonho olhar.

Escrevo no coração em chama

com estilete cor de fogo,

este grito de quem ama

calado em mar revolto.


sexta-feira, abril 24, 2009

NASCEU O DIA???

Ainda há sol? Ainda há dia?

O meu respirar na aragem fria

é nuvem breve de nevoeiro sem cor.

Ainda há sol? Ainda há dia?

E os dedos crispados sem magia

roxos do teu vazio, da ausência, da dor.

Mas, ainda há sol? Ainda nasce o dia?

Então porquê esta máscara dura e fria.

esta adaga enterrada em mim sem piedade?

Este sol frio sem cor nem parceria,

sem sonhos, sem vida e sem idade.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

FIOS DE OURO FIOS DE PRATA


Como fios de ouro de um colar perdido


como pérolas negras sem qualquer sentido,


como mãos abertas pedindo perdão,


como lágrimas desertas nesta solidão.


Como névoas vagas, humidas e dolentes


como prosas amargas, duras e pungentes.


Como águas mansas em doce quebranto,


como pássaros feridos de dorido canto.


Luto com as armas que a vida me dá,


luto com a garra que em mim ainda há.


Luto com a alma em chaga profunda,


luto com o coração que aos poucos se afunda.


Como fios de prata de uma velha pulseira


esquecida, perdida numa qualquer prateleira,


como fios sem ponta, princípio ou fim


como folhas mortas esquecidas de mim

quinta-feira, janeiro 22, 2009

TIMONEIRO LOUCO

Num mar sem rumo ou maré,

águas vivas imprecisas e soltas,

ora se caminha ora se perde o pé,

ora são mansas ora revoltas.

Silencioso barco de névoa solitária

e brumas por velas cinzentas,

onde o timoneiro é uma alma pária

de mágoas duras e pardacentas

que navega sem destino ou rumo.

Olhos glaucos, ou nuvens de fumo,

mãos crispadas no leme inerte,

vazio, eterno, à espera que desperte

ao som estrepitoso de uma vaga,

ao pio estridente da gaivota solitária,

tão solitária como a negra fraga

que no horizonte se ergue. Calcária

de tão fria, basáltica de tão negra.

Num mar sem rumo, calenda grega,

que de eterna tem a condenação

escrita e assinada a esmerilado carvão.

E de olhos perdidos na liquida imensidão

vai o timoneiro louco, alma desnuda

num grito calado de dor e solidão,

que o coração cala e o mar não muda.

sábado, janeiro 17, 2009

MAR DE PALHA


Mar de marasmo e desilusão

onde flutua uma triste jangada

de pedra.

Mar de liquida escuridão

onde escachoa a água salgada

que se quebra,

na proa oscilante da frágil existencia,

nos remos cansados sem resistencia,

na madeira carcomida da solidão,

na lágrima teimosa da desilusão.



Mar de palha já sem cor

onde ecoa o tempo vivido.

feito pedra.

Mar de arrasto sem pudor

onde se perde o amor sentido

que se quebra.

Mar de liquida tristeza,

mar de infinita frieza,

mar de louca paixão,

mar de dolorosa desilusão.






O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...