terça-feira, junho 27, 2017

ORIGAMI

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imagem tirada da net


Alma dobrada em dois, coração partido em quatro,
boneca de porcelana mas mãos de uma criança
e janelas abertas ao sol poente mordendo de esperança.
Um mar que se quebra ao longe na penedia rude,
arrastando as lembranças de uma vida passada,
de sonhos ardentemente sonhados. Folha amassada
perdida num canto escuro da mente, para não doer,
para não ferir; apenas esquecida de tempos sem tempo.
Melodia furiosamente martelada a meio-tempo,
semi-breves e colcheias bailando em louca alucinação,
acordes de outras vidas que flutuam num limbo sem cor,
que se acomodam em leito de folhas secas de dor.

Alma dobrada em dois, coração partido em quatro,
andorinha sem Primavera olhando o mar sem fim,
esperando que passe o infinito com asas de alvo marfim, 
tolhendo o voo e a partida. Andorinha solitária
em cais de ansiadas chegadas e dolorosas idas.
Lenços brancos de acenadas despedidas,
olhos cansados de lágrimas frias de solidão.
Como é frio este ar de salgado azul e duro bem-querer!
Como pesam os grilhões de uma alma a morrer!
Ecoam melodias gastas de tanto correr o piano,
e as memórias fluem como pássaros sem céu nem terra,
sem ninho nem descendência. O sol, a seara e a serra
passam, com o rodopiar dos dias, na sua muda harmonia,
nas sua radiosa cantata; ópera de mil cantores,
mil palcos, mil cenários e mil cores.

Alma dobrada em dois, coração partido em quatro,
pés descalços em pesado chão de chumbo,
mãos vazias onde me esqueço e sucumbo,
olhar sem pleno nem vago; apenas um só olhar.
Apenas um bálsamo, apenas uma fonte de saudade,
apenas um só vislumbre, uma tosca oportunidade.
Menina que vês o mar de barcos sem velas nem mastro;
olhas, olhando sem ver, choras chorando sem chorar,
cala as lágrimas, o soluço; levanta-te... Tens um mundo por caminhar



lágrimas de lua


domingo, junho 18, 2017

DAS PERGUNTAS SEM RESPOSTA...

Quando não temos as respostas,
temos que viver com as perguntas
e encontrar o caminho.
Quando a vida nos traz propostas
e não sabes se as separas se as juntas,
se colhes a rosa ou feres no espinho;
tens que seguir a lutar.

Tens que seguir e acreditar.
A vida é feita de "sins" e de "nãos",
é feita de ir sem saber: arriscar.
E encontrar o caminho.
Nada nos é garantido, ou dado em mãos,
tudo requer empenho, esforço: conquistar
o nosso espaço e o nosso cantinho
para morar.

Quando não temos respostas, temos que viver com as perguntas
e encontrar o caminho - de volta - ao próprio mar.






lágrimas de lua

quinta-feira, junho 08, 2017

ACEITAÇÃO - SERENIDADE - PERDÃO - RECONHECIMENTO.... VIDA

Sinto muito – por tudo o que fiz e não fiz,
por tudo o que dei: mal, e não dei: de todo.
Sinto muito – por tudo o que vi mal e não vi,
por tudo o que quis sem querer, e tudo o que não quis.
Perdão - por tudo o que devia ser de outro modo,
não foi porque não me esforcei. Não consegui.
Perdão – por tudo o que ficou mal tecido,
mal composto, mal explicado e consentido.

Amo o que em mim habita, porque isso; sou eu.
Porque, bem ou mal, aceito. Serenamente, aceito.
Amo tudo o que brota no meu caminho, existe por mim,
envolve-me o ser, veste-me o espírito – é meu.
E, no entanto, não é; flui e passa, escorre sem preconceito
pela minha vida de dor. Mas amo, amo apenas porque: sim.
Agradeço cada memória, cada passo, cada hora que vivi,
só assim aceito e vou. Só assim posso ver tudo o que percorri.


Agradeço cada pedaço de sonho: vivido ou incumprido.
E cada pedaço de pão, mesmo o que o inimigo amassou.
E cada lua: nova, crescente, ou minguante de desilusão.
Agradeço ao que passou – faz parte de um destino cumprido -,
porque a ele não se foge, não se nega. E tudo o que já passou
é parte deste corpo mortal e desta alma elevada, em sublimação.
Agradeço tudo o que já caminhei, vivi, perdi e aprendi,
agradeço o que dei sem limite, o que, limitado e cerceado, recebi.


Sinto muito – o que fiz e não fiz.
Peço perdão – pelo que dei e não dei.
Amo – o que fiz e desfiz.
Agradeço – todos os caminhos que trilhei.


lágrimas de lua

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...