segunda-feira, julho 26, 2010

APETECE-ME ANDAR DEVAGAR


Apetece-me andar devagar,

sem pressa, sem meta, somente andar

ao ritmo do calor que impera,

que amolece e desespera.

Apetece-me andar devagar

ao ondular lento das searas,

ao ritmo dolente das cigarras

e tão somente vaguear,

entre as espigas prenhes e claras

que me prendem como amarras,

sem contudo me embaraçar.

Apetece-me andar devagar,

sem pensar na vida e na dor,

como a borboleta poisar

em cada pequena flor,

sorver o néctar e voar

lentamente sem prisões,

sem memórias, sem sentidos.

Apetece-me andar devagar,

esquecer as desilusões

das promessas e desmentidos,

ser folha perdida no vento

somente deixar-me vogar

nas ondas do pensamento

longe deste lugar.

Apetece-me andar devagar....

terça-feira, julho 20, 2010

QUANTO CUSTA A FELICIDADE?

Quanto custa a felicidade?

Um oceano de sacrifícios, um mar de amarguras,


um abismo de força, um trilho de agruras.


Quanto custa a felicidade?


Ver o coração partir-se, ver partir quem se ama,


dizer adeus a um sonho, deixar morrer uma chama.


Quanto custa a felicidade?


Lutar por uma quimera, acreditar no impossível,


empenhar toda uma vida como se fosse plausível.


Quanto custa a felicidade?


Uma vida.


Um caminho.


Um sonho.


Um coração…


Tudo.

segunda-feira, julho 12, 2010

SOMENTE HUMANA...


Somente humana, somente mulher!

não me peçam impossíveis,

não me peçam a perfeição,

sou somente humana, somente mulher.

Não me tornem invisíveis

os sentimentos em turbilhão,

sou somente humana, somente mulher.

Não sei amordaçar o coração,

não sei ter força desalmada,

sou somente humana, somente mulher.

Não sei não ceder e manter um não,

sou frágil na caminhada,

tropeço no meu próprio andar,

somente porque não sei não amar...

Sou unicamente humana, tão somente mulher.

quinta-feira, julho 08, 2010

SOMENTE A NÉVOA


Névoa envolvente e húmida,

baixando lenta e silenciosa

cobrindo a vida putrida

numa onda odorosa.

Névoa amiga e poderosa,

que descendo breve na calma

aparente dos meus dias,

te revelas esplendorosa

nessa branca luz sem alma,

com a qual me desafias

a abrir de novo os olhos,

encarar de novo o caminho

a abraçar novos escolhos.

Colher de cada raminho

num novo alento, uma vida.

Névoa húmida e envolvente,

esconde-me...Docemente.

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...