quinta-feira, julho 26, 2018

NO EMBALO DE ÁGUAS LONGÍNQUAS

Descobri que me acorrentei ao que inventei, de pés nus e alma em fogo, de coração puro e crédulo.
Descobri que, cada nota desta música, que me compõe os passos, é uma estagnada melodia. Mar incrédulo.

Descobri que amo sem saber porquê, nem a quem. Que me embalo numa teia de palavras e água.
Descobri que quero sem saber o quê, ou sabendo; sem poder saber. Ou querendo, apenas mergulho na mágoa.

Descobri que os meus olhos vêem além do mar, o coração sente além do sentimento; e acreditei.
E esperei de alma sem barreiras, e deixei todas as defesas no chão, permiti que entrasses; e aguardei.

E acalentei, de novo, a esperança, enamorei-me de uma utopia, de um som de mar sobre o rochedo.
E olhei, com olhos de gaivota fugidia, de garça esguia, de andorinha benfazeja, arrostei-me a novo degredo.

E forcei-me pelo vendaval, abri os braços à tormenta, rasguei a carne, abri a garganta, cortei as mãos no fio de todas as navalhas.
E deitei-me na lava de um vulcão, mergulhei em tenebrosa lagoa, dancei com as sereias e emergi de negras muralhas.

Descobri que sou de lugar nenhum, que trago farrapos de alma, sem cor, presos nos cabelos de uma vida.
Descobri que o mundo é uma toalha alva ao sol estival, e um segredo em noite escura. É refeição dividida.

Descobri que o mundo gira ao contrário e que habito do outro lado do espelho. Que acreditar é para crianças.
Descobri que amar é para os anjos, e sou apenas mulher. Descobri que apago a porta, lentamente, às esperanças.

Descobri que o mar é só sal. Que o rio corre sem sentido.

Que amar é sonho tonto, é terreno proibido





Imagem retirada da net





Lágrimas de lua




quinta-feira, julho 19, 2018

ESTRELA- RAINHA


Neste céu, de negro vestido, brilha uma "estrela-rainha",
nesta terra e de pés nus, percorro esta estrada que é a minha.
Neste céu que me olha e envolve, procuro o teu eterno brilho,
para que na escuridão da dor, ilumine sempre o meu trilho.

6 meses de saudade



Lágrimas de lua

sexta-feira, julho 13, 2018

FORGOTTEN TEMPLES





imagem retirada da net


Os dedos translúcidos da neblina,
acariciam os cabelos húmidos do nevoeiro,
nesta noite dos templos esquecidos.
Fantasmas de sonhos e vidas passadas,
brincam às escondidas com os troncos foscos.
Algures ecoam as matinas nesta noite felina,
de olhos pregados no Sacro Cruzeiro.
Esvoaçantes névoas de caminhos perdidos
em densas mágoas, e lágrimas derramadas.
Cruzeiro de penas, pecados e homens toscos.
Os dedos da neblina, breve, escorrem húmidos,
adentrando-se em cada poro da alma.
E a paz, transparente, intangível, inigualável,
desce, como mansa onda de doçura, olhos túrgidos
de esperança, mãos abertas, em expectante calma.
O cântico eleva-se nesta noite imperturbável,
rodopia suave com a névoa vaporosa de frios dedos
e fresco hálito de algas e sal.
Escorre a neblina pelo sereno afagando todos os medos,
adoçando todos os traços do mal
nestes  - Forgotten temples of mine


Lágrimas de lua

terça-feira, julho 03, 2018

MORRI NO DIA EM QUE ME MORRESTE

Morri no dia em que me morreste,
no dia em que o sol mergulhou no abismo
para não mais se levantar.
Morri no dia em desapareceste,
no dia que viraste costas, no mutismo
de quem não tem como se explicar.
Morri, depois, no dia em que te esqueceste,
em que, estando, partiste no derrotismo
da vida cansada de lutar.
Morri, sem vontade de regressar.

Morri no dia em que me disseste adeus, sem dizer,

e eu fiquei vazia, sem chão, sem rumo,
morri no dia em que o relógio quebrou as horas.
Morri no dia em que deixaste a minha vida morrer,
em que me apagaste, transformaste em fumo
um amor que nunca teve escoras,
que foi incondicional, foi razão de viver.
Morri quando a noite te abraçou a prumo
lançando um feitiço de esquecer.
Morri, sem vontade de continuar.

Morri no dia em que me escalpelizaste de mim

da entrega sem barreiras ou medo, apenas amor total.
Morri no dia em que desististe de lutar,
cansada, disseste; adeus mundo, é o meu fim.
Morri no dia em que o limbo recebeu o foral
para invadir uma vida arrasando tudo ao passar.
Tanto faz o frio ou o sol, não importa se é assim
que as horas passam pasmadas, irónico cerimonial,
de um triplo salto sem glória a conquistar.
Morri, sem vontade de retornar.

Morri no dia em que me morreste,

morri no dia em que desapareceste,
morri no dia em que esqueceste.
Morri sem pena nem medo; apenas ... morri de mim.


Lágrimas de lua
Imagem retirada da net


O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...