Um local tranquilo onde os raios de lua, feitos palavras, lançam feitiços e enxugam lágrimas
quinta-feira, novembro 01, 2012
MAGIA DOS SIMPLES
Na magia cálida de uma violeta do campo, tímida, singela.
Na perfeição das cores de uma abelha de flor em flor,
na intensidade das marés vivas em praia deserta envolta em nevoeiro.
Na extasiante beleza de um magnifico sincelo que tudo gela,
na intemporalidade das diáfanas asas de libelinhas sem cor,
e na intangível perfeição das cores do frio luar de Janeiro.
Na beleza silenciosa de mil flocos brancos caindo do céu,
na pureza desnudada de um raio de sol sobre o orvalho,
na imensidão do trovão longínquo rasgando o negrume.
Na suavidade das primeiras chuvas caindo como um véu
de poalha doce, ensopando cada pétala, cada galho.
No mistério idílico de um pequeno vaga-lume....
Se encontra a força e a magia dos simples.
sexta-feira, outubro 26, 2012
VELUDO NOCTURNO
Há na noite o veludo do segredo e o desespero da imensidão.
Há na voz do mar o eco do tempo que passou e do que se perdeu,
há nas mãos abertas o vazio por preencher e a dolorosa vastidão
por terminar, por entender, há a ânsia do dia que não nasceu.
Há na lua prateada a frieza do brilho refulgente e distante,
há nas horas mortas a vida que pulsa intensa e incessantemente.
Há em cada olhar a profundidade de um sonho latente,
um secreto desejo docemente guardado no fundo do ser,
há o beijo adiado, a amor incumprido, a ferida permanente,
a dor silenciosamente navegada, abraçada mesmo sem se querer.
Há na noite o vestígio de mais um dia, passado, vivido, cumprido
como um dever, como uma obrigação sem razão, só percorrido.
Sem qualquer justificação... Há na noite....Tanto por caminhar...
sábado, setembro 22, 2012
ALMA PELA NOITE
o ar fresco da noite embala as cortinas docemente.
Tenho a alma incolor, inodora, fria e silenciosamente deserta,
e o coração bombeia o sangue como sempre, compassadamente.
O mundo "pula e avança" nas palavras do poeta,
o mundo jaz moribundo, atirado a uma qualquer praia deserta.
O mundo é a bola colorida entre as mãos de uma criança,
o mundo é uma amalgama de destroços onde fenece a esperança.Mas ruge e agita-se o mundo, sem cessar, sem rodeios,
preso, agrilhoado, o que for! mas vibra a cada momento.
E a minha alma soçobra devagar, cai de mansinho sem devaneios,
apaga as luzes ténues de uma inocente credulidade, sem um lamento.
Pela minha janela aberta, chegam os sons do mundo, incoerentemente.
Pela minha janela aberta sai a minha alma fria e apagada, tristemente.
segunda-feira, setembro 10, 2012
ULTIMO ACTO
Desce a cortina devagar sobre o ultimo acto
de uma qualquer peça sem história, desarticulada,
sem jeito, sem cor, sem memória. Com o frio fiz um pacto,
de noite negra me vesti, e saindo caminhei, desencontrada.
Desencontrada de mim, despida de luz, de vida e cor.
Errante, pelos caminhos que trilhei um dia na crédula ilusão
de que a vida é bela, que tudo é possível, que vencerá o amor.
Cada passo é um turbilhão de sentimentos, um duro grilhão
em cada sonho desfolhado. Uma furtiva lágrima de desilusão.
Desceu o pano sobre o ultimo acto de uma peça qualquer,
desce mansamente a aveludada cortina, parece que quer
amordaçar todas as dores, afogar a solidão...
Mas não...Apenas põe um fim a um coração.
sexta-feira, agosto 31, 2012
A MINHA SECRETA JANELA
Abri a minha janela perdida;
Deixei entrar um dia o sol de Verão,
voguei em todas as galáxias,vivi todas as estrelas,
percorri todos os mares, naveguei a ilusão.
Abri a minha janela ingénua;
Pintei a vida de mil cores em muitas telas,
entreguei-me, amando, sem restrições.
Fui pássaro, borboleta, fui vulcão em convulsões.
Abri a minha janela confiante;
Acreditei no sonho, na paciência,
na força imensa de um coração.
Acreditei e perdi toda a existência.
Abri a minha janela escondida;
Desdobrei-me nos cantos da paixão.
Amei, amando sem tempo nem limite,
descobri o que a vida não permite,
e fechei chorando a minha triste e vazia janela de solidão.
Deixei entrar um dia o sol de Verão,
voguei em todas as galáxias,vivi todas as estrelas,
percorri todos os mares, naveguei a ilusão.
Abri a minha janela ingénua;
Pintei a vida de mil cores em muitas telas,
entreguei-me, amando, sem restrições.
Fui pássaro, borboleta, fui vulcão em convulsões.
Abri a minha janela confiante;
Acreditei no sonho, na paciência,
na força imensa de um coração.
Acreditei e perdi toda a existência.
Abri a minha janela escondida;
Desdobrei-me nos cantos da paixão.
Amei, amando sem tempo nem limite,
descobri o que a vida não permite,
e fechei chorando a minha triste e vazia janela de solidão.
sábado, agosto 25, 2012
A MINHA NOITE
A noite cai, triste fria e roxa. A noite veste-se de negRo manto e sai à rua...Deambulante percorre a vida, entrega-se a cada esquina ao abraço dorido do vento norte, ao gélido bafo da invernia.
A noite desce e percorre os trilhos da solidão, da desilusão, vai de pés nus sobre as agudas pedras, vai de mãos vazias e olhos molhados. Vai sem rumo...Vai sem norte...Vai sem nada.
A noite cresceu e adensou-se nas horas vazias e ocas, como conchas mortas na areia de uma praia qualquer.
A noite, a bela e aveludada noite é uma dama solitária, um peão num tabuleiro de xadrez, uma folha dançando ao vento.
A noite, a acolhedora noite, é companheira de viagem, é o ombro nunca negado, o peito aberto para todas as lágrimas, a noite é o espaço de todas as angustias, de todos os tormentos e de todas as desilusões.
A noite, caiu uma vez mais...Vestiu o seu vestido de quieta solidão, pôs o negro manto de veludo espesso e... De novo saiu à rua pelos trilhos vazios da vida. E eu....Eu sigo-lhe os passos ... Silenciosamente.
sexta-feira, agosto 17, 2012
NOVO CAMINHO..DESERTO
ecoa, a cada uma delas, um momento,
uma imagem, um desejo.
Ao rodar das horas na aridez e secura
de um deserto de fogo e desalento,
ergue-se um breve lampejo
de racionalidade.
Quase imoralidade.
Passo a passo, dia a dia, recomeço.E os dias vão nascer e morrer,
como sempre.
Sois e luas passam, e adormeço
nos braços do vazio a crescer,
sempre....sempre.
Ao bater das surdas badaladas,
abriu-se a noite calada e fria.
Aninhou-me no seu seio deserto,
deu-me duas mãos engadanhadas
na luta renhida deste novo dia,
em que procuro o caminho certo.
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