quinta-feira, agosto 07, 2014

ENTRE ÁGUAS






Escrevo à rédea solta, à desfilada, 
escrevo como cavalo louco em corrida desvairada.

Hoje eu sou a tempestade e a calmia,
assolam-me os trovões raivosos, as bátegas grossas
as lamas arrastadas pelo chão.
Hoje sou a chuva trespassante e fria,
sou o rio duro de memórias vossas.
Sou apenas mais uma folha, um grão.

Escrevo sem rumo, destino,
apenas deixo as palavras sem tino.

Hoje sou também a mansidão, a doçura,
sou o amor e a alma aberta,
o coração que transborda.
Hoje tudo faz sentido, tudo é candura,
como floresta misteriosa e deserta.
Hoje sou uma tensa corda,
que nenhuma mão dedilha.
Que nenhuma alma perfilha.

Escrevo entre o rugido e o sorriso,
entre a dor e a aceitação.
Escrevo entre a loucura e o juízo,
entre a mágoa e a rejeição.

3 comentários:

Flor de Jasmim disse...

Escreves simplesmente o que te vai no coração!
Amei ler-te minha querida Lua.

Beijinho e uma flor

A.S. disse...

As palavras que escrevemos
vão ocultando a sua luz,
não nos iluminam os caminhos do amor...
Por isso o desejo cresce em nós,
rubro... incandescente,
porque sabe que as palavras
voltarão a arder!...

Beijos!

Zélia Chamusca disse...

Luar Perdido,
Tu perdes-te no encontro da tão apurada sensibilidade que possuis, ao explanares minuciosamente, com o cinzel de prata que ilumina e dá luz a tão maravilhosa obra literária, que me sufoca,fazendo-me sentir sem palavras que possam exprimir minha admiração.
Aplausos!
ZCH

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...