segunda-feira, outubro 20, 2014

NO SILENCIO DA NUDEZ










No silencio de um quarto vazio, nascem as horas arrastadas
e dolentes. 
Nascem as lágrimas, a dor, o medo, nascem....devastadas
e incongruentes.
No silencio de quatro paredes, caem as máscaras, os sonhos,
fica a nudez,
atacam as ausências, revoltam-se as mágoas e nos abrolhos
fica a aridez.
No silencio das minhas profundezas, mordo a angustia,
mato as certezas, rasgo os caminhos incertos e sem rumo
agarro o meu magma em ebulição.
No silencio de mim, olho o mundo exterior com empatia,
estico as mãos para o vazio e para o abismo a prumo
das minhas falhas sem contemplação.
No meu silencio gritante, dispo as roupagens da vida,
entrego a nudez do que sou,
espero o inverno, ou o verão, espero sempre dividida,
naquilo que faço, penso e dou.
No silencio..Neste meu eterno silencio, grita uma alma
que odeia e ama, que se debate e revolta.
No silencio...Neste meu silencio apaga-se a calma
cresce a incerteza, a dor, e em cada volta
o actor regressa, coloca a máscara e sobe ao palco.
No silencio da plateia da vida é a mim que recalco.
No silencio, neste silencio, no vazio... 
Neste duro e negro estio....

6 comentários:

Flor de Jasmim disse...

De coração apertadinho, sim, foi assim que ficou a ler este triste poema, com uma beleza muito própria.

Boa semana meu luar perdido.

Beijinho e uma flor

Unknown disse...

Ah, o silêncio! Refúgio de dores, mágoas e todo um cabedal de lembranças que machucam e muitas vezes reabrem feridas...
Silêncio que promove a paz interior, recordações agradáveis de se sentir, muitas vezes pano de fundo na expressão dolorosa ou benfazeja de um amor, distante ou perto.
Silêncio... dualidade de sentimentos e emoções!

Minha amiga, em silêncio gritaste tuas angústias num esgar de solidão que ficou a machucar os olhos a ponto de os marejar na própria dor... Um silêncio onde as vozes ficam a doer infinitamente na alma... Um silêncio que pariu versos fortes, contundentes, dentro dos quais eu fiquei a pensar que poderia ter escrito este poema nas noites em que o silêncio fica a tecer em mim gritos de saudade e de dor...

Menina linda, um dos teus poemas mais bonitos e profundos, um dos que mais me marcaram dos que já tive oportunidade de ler por aqui.
A cada postagem tu te superas! Fico a imaginar que teu refúgio maior fica mesmo no mundo da poesia, pois quando de lá tu sais, vem trazendo as mãos cheias de belos e sentidos versos. Gosto muito de te ler, minha linda!

Que teu final de semana seja coroado de um silêncio inundado de sorrisos e de mimosas estrelas enfeitando as tuas horas.

Com carinho,
Helena
(http://helena.blogs.sapo.pt)

Zélia Chamusca disse...

Lágrimas de Lua,

Teus poemas prendem-me, do princípio ao fim, pelo sentimento, pela profundidade das palavras e, sobretudo, pela arte e originalidade da construção poética que caracteriza uma obra de arte.
És sem dúvida alguma uma extraordinária poetisa!
Parabéns!
ZCH

Nilson Barcelli disse...

Adorei o teu poema.
É excelente.
Parabéns pelo talento que as tuas palavras revelam.
Tem um bom fim de semana, querida amiga.
Beijo.

Nilson Barcelli disse...

Não me lembro há quanto tempo fiz o meu anterior comentário... Devias colocar a data nos comentários... e publicar novo poema...
Em qualquer caso desejo-te um bom domingo e uma boa semana, querida amiga.
Beijo.

A.S. disse...

A solidão é negra,
mas pode tornar-se
claridade,
iridescência,
lume que nos aquece
para poder abraçar a nudez
a partir das trevas...


Beijos!
AL

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...