domingo, abril 26, 2015

GARGALHADA LOUCA












Que monstro estranho te habita e devora a sanidade?
Que luz se apaga aos poucos deixando-te sem identidade?
Porque não encontro nos teus olhos o brilho da minha infância
e no teu colo não acho as respostas para a minha ânsia?

Perde-se o brilho da vida, é apensa um arrastar sem nexo,
um caminhar sem rumo, passo a passo mas sem chão.
E cada gesto é um vazio, desligado da razão, um amplexo
sem sentido, dois braços estendidos perdidos no turbilhão.

Que monstro te corrói a alma e rouba aos poucos a vida,
suga as memórias, desliga do aqui e agora deixando um vazio
que magoa? Que monstro te enche de ódio e me deixa dividida?
Onde estás que te perdi, que te perco no lodo desse baixio
para onde resvalas sem remédio?
Não tenho força para acabar com este assédio!
Não tenho força para suportar a despedida,
e ouvir como adeus uma gargalhada louca,
e ver a tua luz extinguir-se de partida,
não reconheço já a tua voz tão rouca.

Que monstro estranho te habita e devora a alma?
Onde está a tua gargalhada límpida e sã?
O que é este regougo insano que não acalma
e me atira para esta dor destruidora e vã?

2 comentários:

Unknown disse...

"Nesta correria desatinada de um grito rouco truncado na garganta seca, no olhar com que peço paz...Um raio de sol...esta esperança que desespera."

Abençoado seja o olhar que pede paz, que busca num raio de sol a esperança, porque só assim as notas soltas não serão de uma qualquer melodia, nem se perderá a vida tão desejada, e aquela vida sonhada não se fará tão distante, e quando a voragem dos dias se amansar, aí então, a tempestade há de passar e se fará em ti uma chuva benfazeja que fecundará novas poesias.

"Se vires por aí nos caminhos as asas de uma borboleta,
empresta-as à minha alma para que ela saiba voar."

Não precisas das asas de uma borboleta para que possas voar, pois já as tem delicadamente coladas à tua iluminada alma... Pois são elas que te fazem ir ao mundo mágico da Poesia e de lá retirar mimosos ramalhetes de sensíveis versos e transformá-los nestas belas poesias que de forma tão generosa tu vens nos presentear.

"Não tenho força para suportar a despedida, e ouvir como adeus uma gargalhada louca, e ver a tua luz extinguir-se de partida,
não reconheço já a tua voz tão rouca."

Que seja apenas um grito de dor ditado por este arroubo de poesia que de repente se grudou nos teus olhos e fez nascer tão contundentes versos... Que seja apenas uma a mais das tantas poesias doces, lindas, mágicas, que sempre nos ofertas, pois pessoas iluminadas como tu, não merecem ouvir gargalhadas loucas ditadas por gestos e ações tão desvairados e descompromissados com a dor alheia... Que seja, amiga querida, apenas poesia!

Voltando, meu anjo, e ontem, quando aqui estive e vi que o tempo me era pouco para conhecer as postagens que ainda não tinha visto, fiz questão de vir hoje, com um tempo maior, apenas para deixar a minha alma inebriar-se com a tua poesia, que considero uma das melhores que por aqui encontro no mundo da blogosfera.
Como já estiveste lá no meu cantinho, bem viste a felicidade que estou sentindo nestes preparativos todos para receber o meu pequeno... Já tão grande a ponto de habitar-me por inteiro.
Estarei sempre por aqui, mas por ora te deixo um doce sorriso e uma mimosa estrela para enfeitar os caminhos da tua vida, amiga querida!
Meu carinho,
Helena

Zélia Chamusca disse...

Este é o monstro que nos corrói a alma e a vida, a vida de todos nós, aqui. Mas, tenhamos a certeza de que nos espera uma outra vida de Inteligência e Perfeição Suprema.
É tal a profundidade das palavras sentidas que fico sem voz para dizer algo que possa traduzir a riqueza do poema que li em voz alta para mim, como se o mundo estivesse a ouvir a voz da alma desta singular, Grande Poetisa, Paula Homem.
Meus aplausos de pé com repetições ao palco, é muito pouco para o que vale este poema e todos os que brotam desta Grande Poetisa!
ZCH

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...