Se vires por aí nos caminhos as asas de uma borboleta,
empresta-as à minha alma para que ela saiba voar.
Se vires o sonho pairando no ar fresco da manhã,
empresta-o à minha vida para que saiba viver.
Se vires as nuvens brancas em céus tingidos de violeta,
e a noite vestir-se de prata num mar negro a mergulhar.
E se vires caminhos intocados nas brumas do amanhã,
e das horas mortas, caladas, sombras rubras a nascer,
empresta-as ao meu olhar para nele poderem crescer.
Se vires aí nos caminhos risos soltos cristalinos,
empresta-os à minha garganta para não se esquecer de rir.
Se vires rosas, cravos, margaridas, jarros brancos a florir,
empresta-os aos meus passos adoça-lhes o caminhar.
Se vires novos prantos, novas dores, novas mágoas e destinos,
ou barcos perdidos nas vagas, duras, altas a refluir,
ou os céus rasgarem-se em raios, brancos frios a ferir,
empresta-os ao meu coração e emudece-lhe o falar.
Deixa-o apenas bater, deixa-o somente ficar.
Se vires por aí nos caminhos a vida a saltitar,
deixa-a ir louca, despreocupada a vibrar.....
Guarda o sonho e a voz, guarda as sombras do olhar.
Fechas as mãos no colo frio, seca as lágrimas a soluçar.
3 comentários:
Tudo quanto vejo me conduz até ti...
Vejo uma Lua e um Rio,
onde o amor renasce em raios de luar reflectidos nas águas,
onde as saudades se abafam
numa lágrima perdida...
Beijos!
AL
Maravilha!
Já tinha saudades desta arte única, na mais bela criação literária, a poesia sentida em cada poema de Lágrimas de Lua.
Parabéns Grande Poetisa!
ZCH
Lindo!
"Se vires" posso eu não ver, tu verás.
Beijinho minha querida
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