quinta-feira, setembro 23, 2010

PALAVRAS DE LONGAS SOMBRAS


Há palavras que soam como laminas cortantes

e abrem fundos poços de áridos desertos.

Há palavras que soam a ódios gritantes

manchando tudo à sua volta. Deixando incertos

os caminhos, perdidas as memórias,

vãs a dádivas e os sonhos, cada luta,

cada passo; Perdem-se as histórias,

os risos, perdem-se os laços na labuta

por uma insana certeza, uma sombra...

Há palavras que pairam quais rapinas,

gladiadores de encarniçada guerra.

Há palavras duras como o sol nas salinas

de garras afiadas como uma fera.

Há palavras.

segunda-feira, setembro 20, 2010

CINZELADO OUTONO


Olhei o céu de cinzelado tom,

ouvi a chuva que mansa tombava

e deixei meu sonhos à desfilada.

Abri a janela da minh'alma ao som

da outonal chuva que tamborilava

nas minhas vidraças, à desgarrada

com o bater certo do coração errante.

Este eterno sonhador titubeante

que se vai dando em brandos enganos,

em arrobos de instáveis esperanças

e desesperados medos.

A chuva caía lavando os desenganos,

arreigando as certezas mansas,

agrilhoando mais e mais os degredos

da alma que já não acredita mas luta,

por uma qualquer obra do destino, escuta

a voz do coração que ainda bate

ao tom cinzelado do céu outonal.


segunda-feira, setembro 06, 2010

PRATEADO RAIO DE LUAR

Um raio de luz sobre o lago parado,

um feixe prateado de luar

banhando o coração estagnado

cansado de se manter a lutar.


Uma noite de suaves perfumes

e sons de encantado de Verão,

uma ténue luminosidade de vaga-lumes

numa teia dançarina de solidão.

Um raio prateado de dulcíssimo Agosto

num lago de escuras águas pesarosas,

e o majestoso silencio do desgosto

em ondas breves de noites harmoniosas.

Um raio de luz paira sobre o meu lago parado...

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...