quinta-feira, julho 24, 2014

UMA PONTE











Estendo uma ponte entre o aqui e o aí,
sobre a ausência e a presença invisível,
estendo uma ponte sobre um abismo profundo,
sobre a distancia entre um sim e um não rotundo.
Construo cada pedaço com a realidade infalível,
esta que sei de cor, que já vivi e revivi.

Estendo uma ponte entre a noite e o dia,
entre o verão e o inverno, entre o calor e o frio.
Entre o querer e o esquecer, o viver e o lembrar.
Estendo uma ponte sem fim que permanece vazia,
no silencio da madrugada, fluindo como este rio
onde afogo cada lágrima, cada dor a dilacerar.

Estendo uma ponte despida entre o tu e o eu,
entre o daí e daqui, entre o fogo e a neve.
Estendo esta ponte que teço com cada pedaço meu,
com este estúpida ilusão que me sussurra ao de leve.

Estendo uma ponte....Uma ponte sem sentido!

sábado, julho 05, 2014

CARREGO UM CÉU DE INFERNO


Carrego o céu sobre os ombros e as ondas nos meus braços.
Recolho da vida os pequenos pedaços,
e a ela devolvo o que tenho e como tenho.
Por ela passo, passo-a-passo, e não me atenho.
Apenas deslizo como imponderável nuvem em céu de inverno.

É nesta vida, é nesta hora, é neste instante e neste inferno,
que finco os pés no meu inóspito rochedo,
que me penetra o frio agreste do medo,
que me assola a vastidão do desolado deserto
no aperto da ausência sem razão que ao peito aperto.

Passam os céus, os mares, passam as horas e os dias,
renascem luas, acordam sois, repicam sinos as ave-marias.
Crescem poemas, nascem canções, gritam-se hinos de emoções.
Juram-se amores, rasgam-se almas, vertem-se lágrimas nos corações,
correm os rios para um estranho mar.

Já não se sabe o verbo amar.


O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...