segunda-feira, dezembro 31, 2018

PALAVRAS DESMEMBRADAS


FELIZ 2019



Imagem retirada da net



De palavra em palavra se tece uma teia de vida,
uma malha intrincada, que leva pedaços, e traz farrapos.
Presa por letras desgarradas, a vida corre de fugida,
e veste-me a alma, despindo o olhar, como ignotos fiapos
de um passado sem sombras, e um futuro sem madrugada.
Das palavras entrançadas se faz agasalho de ave abandonada.
De palavra em palavra se enreda um caminho, uma estrada,
atapetando as agruras, diluindo as arestas, reforçando muralhas.
Palavras de doce sonho, de mortífera arma ou esquecida gargalhada.
São pedaços de gente, são pedaços de memórias, frágeis vitualhas
sobre uma mesa sem tempo; nem memória, nem voz. Apenas imensidão.
Palavras que o não são, letras que não se amam mas encontram-se na solidão.


Lágrimas de lua


sábado, dezembro 22, 2018

NATAL...TALVEZ



VOTOS DE FESTAS FELIZES









A bruma acumula-se nos beirais, gélidos de invernia,
traz a cor das neves solitárias, o hálito de manhã fria.
A distância impõe o silêncio de mãos vazias de tudo,
de olhos em busca do tempo que, veloz, recua mudo.
Como em caleidoscópio infantil a vida passa de fugida,
passam os risos, os sonhos, a luz, a cor, a harmonia perdida,
passam festas e alegrias, passam beijos com calor por dentro,
e passam os anos arrastando almas. Agonizando no centro
está um coração vazio, fechado em cofre sem chave ou sentido,
está uma vida, no limbo de um caminho percorrido.
A bruma cheira a Natal, cheira a madeira e aconchego,
a bruma amortalha-me a alma numa dor que calo e carrego.


Lágrimas de lua

quinta-feira, dezembro 13, 2018

UM PIANO


Nas asas da música, numa noite de escuro sereno,
as mãos bailam sobre as teclas brancas e negras,
os sons desenham momentos sonhados, idealizados.
E a música ecoa pelas dobras desta noite de terreno
e silencioso encanto. Como amo o que sonho! Sem regras,
sem bem nem mal; apenas música, e desejos tão calados.

Nas asas da música, que dos teus dedos se eleva, como aragem,
como doce neblina, como secreto beijo, ou profunda lagoa,
nas asas da música que dedilhas com alma de gaivota em viagem,
com olhar de menino sem chão, de rainha sem coroa.

Nas asas de um clássico, o tempo esvai-se, dilui-se e cresce,
como Adamastor, em noite de temporal; como mágico,
como eleito, como deus de um mar menor e sonho maior.
Nas asas da música o mundo respira, a rosa floresce,
o mar cala-se e o olhar espraia-se no amargor trágico
de um amor desfolhado antes de florir, espalhando ao seu redor
o perfume de uma alma que dança, nas asas da música, no fio do som.
Rodopia nas notas que esse piano exala, prolongando o teu dom.

Nas asas da música, nesta noite de todos os sonhos…. Por cumprir

Lágrimas de lua



imagem retirada da net


O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...