Escoam-se as horas numa brecha de olhar,
para além do sonho, para além do mar.
Partilha-se o pão de suado amargor,
e ama-se um sonho em desdobrado amor.
Escoam-se os anos, pelas mãos de menino,
agrilhoam-se os passos a um talhado destino,
espera-se a vinda, a partida, o adeus, espera-se tudo...
e nada. Desenha-se um sonho num grito mudo.
Escoam-se as mágoas, enlaçam-se esperanças,
soltam-se os risos, bordam-se doces lembranças,
enfeitam-se os cabelos com grinaldas de luz,
e amortalha-se ao peito o sinal da Cruz.
Escoou-se um ano, castelo de brincar,
nas mãos de um menino de perdido olhar.
Gritou-se: "Amo-te", nas palavras por dizer,
e dissesse tanto no que ficou por escrever.
Partilhou-se o pão, o vinho e a dor,
partilhou-se o sonho, o sorriso e o amor.
E o tempo, escoando, passou a correr,
nesta cacafonia chama da viver.
Lágrimas de lua
2018, sejas bem vindo.
3 comentários:
Minha Amiga:
Este poema é sublime. Estéticamente bem construído, belo, e que resume todo o sentido de viver.
É a renovação na 'transicão', a cada ano, a cada dia.
É o balanço entre os sonhos e as realizações, criados, de quem olha o mar e vê para além do horizonte.
E o Tempo, esse carrascos dos destinos, avança, impertubável, na sua imutável viagem.
Só dele esperamos viver o 'momento'.
Perfeito!
Desejo-lhe o Novo Ano 2018, e todos os outros seguintes, mesmo os velhos, de perfeita Saúde, Paz e Harmonia.
Um beijo (boas Festas de saída 2017)
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SAÚDE, PAZ E MUITAS ALEGRIAS E REALIZAÇÕES.
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Tão belo, minha querida!
Que o Novo Ano te traga tudo tão belo como são os teus poemas.
Beijinho enorme no teu doce coração.
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