Um dia rasgar-se-ão todos os véus que nos povoam o olhar,
o coração será um sereno e límpido lago; deixará de sangrar,
e a alma será a cabana no cume da montanha mais alta.
Um dia, as lágrimas serão como gotas de chuva que ressalta,
na aridez do caminho sem retorno, onde as árvores murmuram,
e os pássaros fazem os ninhos, e as horas se acomodam e
sussurram.
Um dia o vazio, a dor, a desilusão e a opacidade vão
tornar-se luz.
Luz de um sol que desconheço, de uma estrela que brilha e traduz
todas as cores do arco-íris, que iluminam por dentro a alma.
Um dia toda a mágoa se dobrará em profunda vénia; calma.
E o passado será somente a história que dá forma ao presente
e caminho ao futuro… sem dor, sem cicatriz, sem razão
demente.
Um dia rasgar-se-ão todas as injustiças que nos costuram a
vida,
um dia seremos apenas brisa suave que passa como breve
despedida.
Um dia atravessaremos a ponte, iremos para a outra margem,
mergulharemos no infinito… estamos somente de passagem…
Lágrimas de lua