De repente um ruído surdo e continuo faz-se ouvir na gruta, parecia o vento suão a rugir ao longe, canalizado por uma conduta onde corria a alta velocidade. Ao princípio não ligaram muito ao som e os afazeres continuaram, mas uma das vulcanólogas que se encontrava mais perto da poça borbulhante de lava, é desperta das suas medições e meditações por uma projecção mais forte de uma bolha fervente que espalha o seu material fundido em todas as direcções acertando-lhe num braço e numa perna que lhe arrancaram um uivo de dor. Acorrem todos e numa fracção de segundos são surpreendidos pela enchente ruidosa do lago que, assustadoramente, cresce como uma serpente venenosa em direcção a eles. A temperatura subiu bastante e o cheiro a enxofre é nitidamente mais forte dificultando a respiração, os olhos enchem-se de lágrimas e a pele da rapariga tem um aspecto horrível de queimadura perfurante, o material de primeiros socorros está no outro extremo da gruta, a salvo, seco sobre uma rocha lisa. Mas as águas em subida rápida travam-lhe o passo deixando poucos sítios por onde passarem. A torre por onde desceram é agora um ancoradouro inacessível já que as águas lambem a entrada abobadada da escada em caracol que só há pouca horas desceram, o calor torna-se cada vez mais insuportável e as emanações já formam uma nuvem densa que sufoca a cada inspiração. Pelas escadas desce esbaforido o guarda-florestal, num pânico total ao aperceber-se que na pequena salinha tudo apitava e gritava a um ritmo alucinante, ele tinha apenas ido ao café por uns escassos dez minutos, e quando voltara os aparelhos pareciam loucos, as níveis haviam disparado para valores mortais. Lançara-se numa correria desenfreada escadas abaixo para tentar retirar da gruta os cientistas que à sua guarda tinham sido confiados. O espectáculo que se lhe deparou provocou-lhe um calafrio pelas costas. Os gritos de dor da moça, amparada nos braços pelos companheiros de infortúnio sobrepunham-se ao rugir das entranhas da montanha, mas chegar até eles e auxilia-los a saírem com vida daquela traiçoeira bocarra de veneno era empresa quase impossível. Conhecedor das manhas do monte, arrisca-se a entrar na gruta e gritando para se sobrepor ao ruído indica o caminho mais seguro para atingirem as escadas e a salvação. O vapor asfixia-os, os olhos estão praticamente cegos pelo enxofre e pela nuvem sulfurosa que envolve a cratera, os pés escaldam nas botas ao pisarem as rochas incandescentes do solo em ebulição, e a poça lança ao ar explosões de lava que se projectam em todos os sentidos da gruta a cada dois segundos e as águas quentes rasam as formações rochosas por onde nem havia uma hora passeavam despreocupados.
Sem cordas para os auxiliar, só pela voz os guia esperando que não tropecem e caiam na caldeira, enquanto lhes vai gritando ordens a sua alma entoa ao Senhor Santo Cristo uma prece pelo bom sucesso da empreitada de os retirar dali a breve espaço de tempo, os gritos da rapariga perturbam-no em extremo porque a sente em sofrimento sem poder socorre-la mais rápido, terão que encontrar o caminho até ele e depois sim, acalmar as dores insuportáveis da queimadura.Finalmente chegam, cegos, asfixiados, suados e extenuados aos braços do guarda que os empurra sem cerimónia pelas escadas acima obrigando-os a um esforço complementar de correrem pelos degraus em caracol e afastarem-se dali o quanto antes. Mais de metade da ascensão faz-se ainda debaixo da influência do gás venenoso, a rapariga sucumbe ao terceiro degrau desmaiando com o braço em chaga. Será carregada ao colo escadas acima pelo vigoroso guarda-florestal que horrorizado se apercebe que por sua culpa aquele braço alvo e esguio ficará deformado para todo o sempre, bem como a perna que tem igualmente uma queimadura muito feia e profunda….
Toca o sino de alerta no alto da montanha e para lá convergem todos os que podem caminhar, que podem auxiliar, os bombeiros e as ambulância voaram monte acima, o topo da montanha está agora cinzento, e as copas das árvores parecem queimadas com os vapores que pelo meio delas se eleva, tudo se silenciou ao rugido das entranhas da terra, o chão treme vezes sem conta em abalos pequenos, quase sincopados, de intervalos curtos e cíclicos, dir-se-ia que a terra lembra aos homens a sua força, o seu poder, e a pequenez e insignificância do homem frente às forças naturais.
Passadas alguma horas o sol volta a brilhar, as aves entoam de novo os seus cânticos de esperança e alegria no topo do monte, o fumo dissipou-se, as árvores readquiriram o seu vestido verde belíssimo, na gruta tudo é silêncio e calma, e nas camas do hospital uma equipa médica luta pelas cinco vidas, em especial pela aquela rapariga de rosto crispado e queimado pela exposição ao enxofre e cujo braço e perna são uma pasta ensanguentada que a custo tentam compor com enxertos de pele.
A montanha uma vez mais ganhou a batalha, o seu misterioso lago e a “maré” ficam de novo no segredo da mãe terra, essa deusa ciosa das suas coisas que a muito poucos se revela.
Sem cordas para os auxiliar, só pela voz os guia esperando que não tropecem e caiam na caldeira, enquanto lhes vai gritando ordens a sua alma entoa ao Senhor Santo Cristo uma prece pelo bom sucesso da empreitada de os retirar dali a breve espaço de tempo, os gritos da rapariga perturbam-no em extremo porque a sente em sofrimento sem poder socorre-la mais rápido, terão que encontrar o caminho até ele e depois sim, acalmar as dores insuportáveis da queimadura.Finalmente chegam, cegos, asfixiados, suados e extenuados aos braços do guarda que os empurra sem cerimónia pelas escadas acima obrigando-os a um esforço complementar de correrem pelos degraus em caracol e afastarem-se dali o quanto antes. Mais de metade da ascensão faz-se ainda debaixo da influência do gás venenoso, a rapariga sucumbe ao terceiro degrau desmaiando com o braço em chaga. Será carregada ao colo escadas acima pelo vigoroso guarda-florestal que horrorizado se apercebe que por sua culpa aquele braço alvo e esguio ficará deformado para todo o sempre, bem como a perna que tem igualmente uma queimadura muito feia e profunda….
Toca o sino de alerta no alto da montanha e para lá convergem todos os que podem caminhar, que podem auxiliar, os bombeiros e as ambulância voaram monte acima, o topo da montanha está agora cinzento, e as copas das árvores parecem queimadas com os vapores que pelo meio delas se eleva, tudo se silenciou ao rugido das entranhas da terra, o chão treme vezes sem conta em abalos pequenos, quase sincopados, de intervalos curtos e cíclicos, dir-se-ia que a terra lembra aos homens a sua força, o seu poder, e a pequenez e insignificância do homem frente às forças naturais.
Passadas alguma horas o sol volta a brilhar, as aves entoam de novo os seus cânticos de esperança e alegria no topo do monte, o fumo dissipou-se, as árvores readquiriram o seu vestido verde belíssimo, na gruta tudo é silêncio e calma, e nas camas do hospital uma equipa médica luta pelas cinco vidas, em especial pela aquela rapariga de rosto crispado e queimado pela exposição ao enxofre e cujo braço e perna são uma pasta ensanguentada que a custo tentam compor com enxertos de pele.
A montanha uma vez mais ganhou a batalha, o seu misterioso lago e a “maré” ficam de novo no segredo da mãe terra, essa deusa ciosa das suas coisas que a muito poucos se revela.