domingo, dezembro 12, 2010

OBJECTO, NADA MAIS


Como os lençóis que se mudam

ao fim de neles dormir,

como as flores que murcham

e as que nem chegam a florir.

Como as águas que rápidas correm

por baixo de tantas pontes,

e como as roupas que se escolhem

agora, para depois serem montes

de trapos sem préstimo ou uso.

Como a roca de cada fuso

e a trama de cada tear,

como o carro que se afina

para que continue a andar.

Ou como a calada máquina

cuja manutenção há que acautelar.

Como a folha onde se escreve

uma nota solta para memorizar.

Ou como a lembrança breve

de um tempo que passou.

Como a imagem que se apagou

do negro quadro de ardósia.

É o preço que se paga,

porque...Tudo tem um preço

2 comentários:

Guilherme Duarte disse...

Tudo tem, de facto, um preço na vida e tu exemplificas essa verdade de forma brilhante neste poema, como é habitual em ti.

Um beijo grande "velha" amiga.

Whispers disse...

Minha querida amiga,
Sim tudo tem um preço e por vezes o preço e tão alto que nunca acabamos por pagar.
Te ler e ler a alma de um raio de luar em noite escura que nos faz acreditar que tudo pode ser muito mais bonito.

Desculpa minha ausência,mas a vida tem me dado a outra face para eu saber o que a vida e.
Mil beijos
Rachel

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...