Saber o que está para além,
escondido atrás de cada fachada,
olhar sem perceber o que tem
cada olhar, cada mão fechada.
Pensar que se conhece alguém
como a palma da nossa mão,
e no fundo, saber que ninguém
se conhece neste imenso mundo cão.
Querer perceber o encoberto,
querer ter certezas sem sentido,
querer ter por certo o incerto
e saber caminhar mesmo perdido.
Tentar arrumar onde não doa
tudo o que se sabe e não sabe,
mas se uma simples palavra soa,
parece que já nada mais cabe
na gaveta da arrumação.
E volta a luta e a repetição
dos mesmo passos e gestos
para arrumar na gaveta
o que se acha saber. Os restos
da musica e a letra
da velha e gasta canção,
das palavras, dos olhares,
dos sonhos e desilusão.
dos momentos aos milhares
que ficam sem solução.
E tudo por se querer não pensar,
não perceber, não olhar.
E no fundo querer encontrar
o que está para além da fachada,
onde não nos é franqueada
a simples e desejada entrada.