Sentei-me numa pedra à beira do caminho da vida, deixei a estrada longa e comprida, por uns instantes.
Contemplei em redor para ver se era a minha estrada...
A planura lembra o Alentejo em pleno Estio; Seco, árido, quente, quase morto. Um vento abrasador envolve-me sem piedade e o sol a pique queima sem dó. Ponho as mãos sobre os olhos em pala e tento olhar para longe...para bem longe...Lá no inicio da minha longa e branca estrada...
Vejo uma pequena mancha de cor; verde, amarela, azul, vermelha, rosa...Até mim chegam os risos infantis e despreocupadas de menina; Por momentos fecho os olhos e vejo os rostos amados entretanto perdidos, as brincadeiras, as gargalhadas, as mãos dadas e a alegria de quem não cresceu e ainda aprende como é o mundo.
Abri os olhos e levada pela doce lembrança fixo os olhos de novo na paisagem...mas só a aridez me responde - dura, seca, descolorida. A estrada serpenteia um pouco e traça uma linha de chumbo no meio dos campos, imutáveis e estáticos, estéreis, pardos...
A estrada continua, linha cinzenta entre campos sem cor, serpenteia...Serpenteia, serpenteia e perde-se num infinito que o meu olhar cansado não quer ver.
4 comentários:
Resguardas-te dos olhares que folheias nas palavras. Mas a estrada que serpenteia entre os campos sem cor, está à tua espera para que nela renasças. Nela encontrarás a criança que deixaste, mas que ainda seguras pelos dedos!
Beijos,
AL
Lindo e emocionante
A estrada serpenteia na tentativa de te envolver nos momentos de criança que ficou para trás mas que ainda revivies com emoção.
Recordar quando criança é um acto de muita esperança.
Beijinho e uma flor
Quer ver sim, porque do outro lado da estrada estou eu de mão estendida para percorrer o caminho até um local fresco, um campo bem verdinho com flores onde vamos fazer um óptimo piquenique.... já me estás a ver? ESTOU AÍ!
:)
Há momentos na vida, em que todos precisamos de nos sentar... e descansar um pouco...depois, logo ganhamos forças para ver de novo...além dos nossos olhos.
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