É hora de recolher as velas e deixar o barqueiro descansar,
é hora de esquecer a maré deixando o barco bolinar.
É hora de fechar os olhos, negros gastos de tanto procurar.
É hora de permitir ao corpo simplesmente relaxar.
É hora de chamar os deuses que imperam no grande mar
e com eles orquestrar uma nova sinfonia.
É hora de calar fundo toda esta horrenda agonia
em que mergulho de cabeça, sem sequer poder pensar.
É hora de querer e não querer, hora do sim ou do não,
é hora de ser o que sou, apenas e só mulher.
É hora de arrancar esta pele, e esta máscara se puder,
é hora de arrumar todo o medo, de pedir e dar perdão.
É hora de beber o cálice, seja de fel ou de absinto,
seja do mais puro e doce néctar ou seja de suavíssimo mel.
É hora, minha vida, é hora! é hora de percorrer cada aurora,
alcançar cada poente, dançar louca pela estrada fora
despojada de preconceitos, de normas e leis de papel.
É hora de abrir todas as portas dar largas ao que sinto.
É hora de recolher as velas e deixar a noite flutuar…..