terça-feira, março 17, 2015

(IN) TEMPESTADE DE MIM




Na voragem dos dias e na pressa das horas eu marco o tempo,
este tempo em que nada tenho mas mãos. Vazias e frias estão
abertas em vã esperança e resignada solidão.
No correr das luas as corujas voam um silencioso lamento,
e rasgam com asas sussurrantes as noites negras de carvão.
E pintam nos meus olhos o gosto da desilusão.

Na voragem das notas soltas de uma qualquer melodia
perco a vida sonhada, a vida tão desejada e tão distante.
Cabeça inebriada, cabelos ao vento, sonhos desfeitos.
Visto o mais belo vestido, de uma alva harmonia 
e parto com passos incertos para uma utopia vibrante,
rumo a um mundo de desejos roucos imperfeitos.

Na voragem do tempo que passa, cometa louco,
riscando o céu deste marasmo onde tropeço
nos dias, nas horas, no silencio e na espera.
Nesta correria desatinada de um grito rouco
truncado na garganta seca, no olhar com que peço
paz...Um raio de sol...esta esperança que desespera.

Na voragem dos dias e das noites sem luz.
Na voragem das horas bordadas a ponto de cruz,
Nas mãos anquilosadas de esperar...vazias....abertas.
Na voragem da ausência e solidão... Das noites encobertas...
Na voragem.....

quinta-feira, março 05, 2015

ALVAS PENAS, RUBRAS PAPOILAS


Cobre o meu corpo de alvas penas, suaves e perfumadas,
cobre os meus olhos de liláses sombras e ocasos vermelhos.
Cobre a minha alma de negro veludo, desata as lágrimas amordaçadas.
absolve as minhas mágoas em desfiados evangelhos.
E absolve os meus medos em rosários de orvalho.
Faz dos meus passos uma valsa, um tango grisalho
onde as memórias se perdem, e os anos vem morrer.
Cobre o meu corpo de verdes heras, e papoilas rubras
cobre os meus lábios de poemas ainda por dizer,
e que a névoa com que me envolvas e cubras
seja o trilho de alvoradas ainda por inventar,
seja o etéreo vestido da virginal noiva no altar.
Mas cobre o meu corpo de sedosas pétalas, odorosas,
brancas, rosa, vermelhas, amarelas, liláses, a desfolhar.
E cobre os meus olhos de sonhos e às mãos ansiosas
ensina-as simplesmente a saberem dedilhar

as dobras da vida e as esquinas deste caminhar.


O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...