Abate-se, como uma tempestade, o vazio.
Este vazio que deixa o coração sem alma
e a alma sem coração.
Mesmo quando o sol brilha tenho frio,
olhando sem rumo a estrada calma
que piso sem nenhuma razão.
Abate-se, como milhafre atento, a escuridão.
Uma escuridão que estrangula a voz
e me deixa sem vontade.
Um vento do deserto assola-me em turbilhão,
povoa-me a vida de uma agonia atroz.
e me invade sem fazer alarde.
Toma conta de mim, alimenta-me de fel,
cobre-me de negro, transforma-me em pó.
Abate-se sobre mim com gestos de mel,
mas crava-me as garras frias sem dó.
Tudo gira a minha volta sem sentido,
O sol é uma bola amarela, mais nada,
O vento é um sopro duro e desabrido.
O corpo verga numa dor que se cala.
E o buraco negro do vazio sem fim,
vai, sem dó, tomando conta de mim…..
3 comentários:
Tão triste e tão ao encontro do meu sentir!
Minha querida tem um bom fim de semana.
Beijinho no teu coração
Maravilhoso poema que me sufoca a alma que sem palavras se extasia maravilhada pela sensibilidade e arte desta Grande Poetisa.
Aplausos!
ZCH
Minha querida amiga, li com atenção os 3 últimos poemas e neles senti como se uma dor de há muito sentida ficasse a espreitar os momentos para se manifestar... Poemas que, mesmo tendo a beleza expressa nos versos, deixam transparecer uma certa nostalgia, uma certa tristeza e amargura. Minha alma também se encolheu um pouco ante a leitura, mas quando o olhar pousou em "PELOS CAMINHOS DA VIDA", deu para sentir um pouco de esperança a permear as imagens nascidas em tão delicados e sentidos versos. Um poema ao mesmo tempo triste e doce de se escutar... Ah, minha amiga, que pelos caminhos da vida tu possas encontrar motivos para fazer belos poemas permeados de uma felicidade única que possam enfeitar o teu olhar e perfumar a tua alma.
Fica meu carinho num beijo no teu coração,
Helena
Enviar um comentário