Há no mar o mistério do azul, e o profundo do negro,
há no ar o sal de descalço viver.
E nas ondas de alva espuma, as palavras por dizer,
escondem-se dos lábios por encontrar.
Na morte aparente das hortênsias, segredam-se sonhos,
murmuram-se contratempos e desencontros,
esperam-se chuvas e raios de sol, esperam-se abraços de mar.
A saber a sal, a saber a tristeza terna e esperança.
Há no mar, de azul cobalto, um olhar perdido no horizonte,
e um sopro de navio em busca de porto de abrigo.
Há o ardor da labuta de corações a mourejar,
de caudas na distancia, de tempos de intemperança,
de sonhos mortos e outros por sonhar.
E há as gaivotas sempre prontas a partir...e a voltar.
A lava negra, eriçada, de trágica e rude beleza
que embala todos os medos e a trágica fragilidade do ser.
Há no mar, revolto de fúria incontida, a certeza da presença,
a fome por matar, a sede por aventurar, a dor a espreitar,
e há o fogo em cada olhar. E há a mansidão nos pastos a verdejar.
Há o frio, o agasalho, o pão, o ralho, a mão calejada de pelejar.
E uma beleza intemporal, um sonhar acordado e um morrer a cada passo
para logo ressuscitar.
E sempre o mar, salgado mar, e o verde, de louca esperança
a invadir a alma, a vestir o corpo, a coroar cada sonho.
Há um mar, eterno e único mar, onde o mundo acorda e dorme,
onde a vida ainda vibra...Ainda acontece... Há um mar - Este mar!
Um local tranquilo onde os raios de lua, feitos palavras, lançam feitiços e enxugam lágrimas
terça-feira, outubro 25, 2016
domingo, outubro 16, 2016
DEPOIS? DEPOIS A VIDA....TALVEZ
Calam-se os sentimentos, enterrados
vivos, no fundo da alma,
ou poço sem fundo, ou abismo sem volta.
E depois? Depois a vida, depois o amanhã, o continuar.
Matam-se os sentimentos onde nada importa, nem a calma,
nem a ira, nem a dor, nem mágoa ou a revolta.
E depois? Depois... o nada, ou o tudo, depois o acreditar.
Olhos no céu, ensombrado e negro, céu de tempestade,
céu de desolação e tormenta.
Mãos no mar, profundo, tão doce quanto traiçoeiro,
tão belo quando feroz. Quanto pode o amor? A amizade?
Quanto pode o perdão, se a dor aumenta?
Como navega o barco que perdeu o timoneiro?
Porquê? será a eterna pergunta de um alma magoada,
em busca, silenciosa e contida, arrepanhada de ausência.
Enxovalhada de abandono, na dúvida amortalhada.
A um tempo leve, dura, de efémera existência.
Calam-se os sentimentos, caídos num qualquer poço sem fundo,
abafados de sonhos, despidos de lutas inglórias e duras,
tombados na batalha da vida, feridos de desprezo.
Calam-se os sentimentos, amortalhados neste mundo,
para que passem ao oblívio, sendo apenas memórias puras
de onde se expurgou o veneno. Maldade e menosprezo.
E depois? Depois... a vida, o amanhã... o que for....
ou poço sem fundo, ou abismo sem volta.
E depois? Depois a vida, depois o amanhã, o continuar.
Matam-se os sentimentos onde nada importa, nem a calma,
nem a ira, nem a dor, nem mágoa ou a revolta.
E depois? Depois... o nada, ou o tudo, depois o acreditar.
Olhos no céu, ensombrado e negro, céu de tempestade,
céu de desolação e tormenta.
Mãos no mar, profundo, tão doce quanto traiçoeiro,
tão belo quando feroz. Quanto pode o amor? A amizade?
Quanto pode o perdão, se a dor aumenta?
Como navega o barco que perdeu o timoneiro?
Porquê? será a eterna pergunta de um alma magoada,
em busca, silenciosa e contida, arrepanhada de ausência.
Enxovalhada de abandono, na dúvida amortalhada.
A um tempo leve, dura, de efémera existência.
Calam-se os sentimentos, caídos num qualquer poço sem fundo,
abafados de sonhos, despidos de lutas inglórias e duras,
tombados na batalha da vida, feridos de desprezo.
Calam-se os sentimentos, amortalhados neste mundo,
para que passem ao oblívio, sendo apenas memórias puras
de onde se expurgou o veneno. Maldade e menosprezo.
E depois? Depois... a vida, o amanhã... o que for....
sexta-feira, outubro 07, 2016
RESTOS MORTAIS
Passaram os sois e as luas, as chuvas e os vendavais,
passaram as rosas e os lírios, e o tempo a arrastar.
Passaram as horas e os dias, passou a vida sem parar,
morreram as violetas, secas de esperar demais.
Secaram também os sonhos, perdidos no esquecimento,
os passos esfumaram-se, sem rumo, enganados no andar.
E os olhos perderam brilho e a força de querer olhar,
de querer ver o invisível, ou o óbvio em cada momento.
Passaram os sois e as luas, as marés e os marinheiros,
passaram viagens e sons, momentos e solidão,
tudo passou, arrastando o tempo em turbilhão.
Restam apenas memórias como densos nevoeiros.
Onde ficaram as horas, as esperas e os desencontros,
onde se esconderam os anos, pérfidos de tanta mentira,
onde habita o bem querer? Em que órbita é que gira?
Onde ficou o tudo e o nada, onde são agora os encontros?
Passou, como nuvem sem rumo, como ave sem lar,
como velho sem tecto, ou criança sem sorriso.
Passou como vento suão, duro e rude a arrasar.
Passou como folha desencantada a quem foi roubado o juízo.
E foi dor e espada e ferrete, e foi grilheta a apertar,
foi furacão violento que passou destruidor.
Foi o Inverno e a neve, foi um Estio duro a queimar.
E foi lágrima e foi morte, Queronte ameaçador.
Passaram os sóis e as luas, passou o tempo sem parar,
restam mortalhas de sonhos e um coração a sangrar.
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