imagem retirada da net |
Nas
mãos não trago romãs, nem fruta de paixão,
nos
olhos não trago o ódio, nem a raiva ou a exaltação.
Nos
lábios não trago palavras duras e finas como punhais.
Apenas
trago no corpo cicatrizes intemporais.
Nos
cabelos entrancei a dor com flores de perdão,
calcei
sapatos de penas, debruados de solidão.
Teci
um véu de esperanças, bordei-lhe estrelas e sonhos,
sonhei
madrugadas suaves: embarquei em navios tristonhos.
Se
hoje o dia não nascesse e o vento esmorecesse
cansado
de tanto soprar....
Se
a minha alma esquecesse e na boca morresse
esta
forma de amar....
Restariam
apenas as mágoas de um passado que passou,
de
um fruto que foi singelo e que o tempo estiolou.
Restariam
somente farrapos, apenas e só, as memórias
de
um amor que morreu: somente um punhado de escórias.
nos
olhos não trago o ódio, nem a raiva ou a exaltação.
Nos
lábios não trago palavras duras e finas como punhais,
apenas trago no corpo cicatrizes intemporais.
4 comentários:
Um poema bem construído, excelente.
Parabéns pelo elevado nível poético deste poema, só ao alcance dons bons poetas (é uma constante dos teus poemas, de resto).
Bom fim de semana, amiga perdida do luar...
Beijo.
mas as mãos trazem outros frutos, estes que a poeta amadurece no regaço magoado.
gostei muito, Amiga
com um beijo.
Parabéns Poetisa, pelo lindíssimo poema liricamente cinzelado
que na memória do tempo ficará para sempre gravado!
ZCH
"Se hoje o dia não nascesse e o vento esmorecesse
cansado de tanto soprar....
Se a minha alma esquecesse e na boca morresse
esta forma de amar..."
Mas o dia nasceu e o vento continuou animado a soprar...
A tua alma não se esqueceu nem deixou que na boca morresse a única forma de amar...
E as cicatrizes intemporais que marcam o teu corpo e te impedem de ter romãs ou frutas de paixão entre as mãos, certamente não te impediram de tecer um véu de esperanças, de bordar estrelas e sonhos e te fazer sonhar com madrugadas suaves, mesmo que tenham sido tristonhos os navios nos quais embarcaste...
Minha doce amiga, de coração poetizado nas lembranças, mais uma magnífica demonstração da tua capacidade literária.
A imagem de uma romã partida, levou-me à infância onde uma romãzeira no nosso quintal era sempre um convite a que degustássemos aquelas gotinhas vermelhas que desciam suaves pela garganta. A babá gostava de debulhar os bagos e colocar numa tigelinha para facilitar a degustação. Mas eu gostava mesmo era de partir os pedações e trincar com os dentes aqueles gomos agridoce e sentir o seu sabor. Grata por me trazer esta lembrança tão bonita, minha querida.
Depois de dias bem conturbados, finalmente vou ter uma pausa nas atividades por causa do Carnaval, pois é uma festa que não me atrai, mas me possibilita um descanso maior.
Deixo-te com sorrisos entremeando um punhado de estrelas, meu anjo, para enfeitar as horas dos teus dias.
Com carinho,
Leninha
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