Pisa o chão aguado como quem beija as nuvens,
nos olhos leva agulhas de esperança calada
presas nos cílios, vibrantes como borboletas.
Percorre as ruas, como mensageira alada
de “boas novas” obsoletas.
Serena, como anjo sem sexo nem idade,
leva no coração um navio, na alma o sonho,
nas mãos leva a Cruz de Cristo; farol na escuridão.
Vestida de espumas e algas, no tempo enfadonho
de quem não tem tempo, nem rumo, apenas a imensidão
de um caminho a percorrer, de um prazo a cumprir.
Pisa o chão como quem ama por dentro,
como quem doa tudo o que tem, tudo o que é.
Olha a vida como se dela fosse o húmus, o centro.
E caminha no caos com carta de marear toda a maré.
É um ser sem rei nem roque, sem norte nem sul,
é mulher, criança, amante?
É o que começa e termina, dia e noite, ir e vir,
estar e partir. Maga? Bruxa? Cartomante?
Ou apenas nebulosa perdida em tormenta de sentir?
Pisa o chão como quem beija a vida,
Vive a vida como quem beija o chão que a acolhe,
Segue, glauca, sem casa de partida,
Sem meta, sem tempo, sem bote e sem molhe.
Pisa o chão como que pisa a vida… de partida.
Lágrimas de lua
Imagem da net |
4 comentários:
há seres assim: mitológicos no seu viajar.
e se o mundo fosse perfeito, haveriam de aqui estar...
gostei muito, minha amiga.
um beijo de fim-de-semana.
Um poema impressionante.
Gostei imenso, parabéns pela excelência das tuas palavras.
Continuação de boa semana, querida amiga.
Beijo.
olá, minha amiga, k é feito de si?
tenho pensado na sua pessoa e na sua poesia, mas fui operada à mão esq. e é-me difícil escrever. eu e mais as minhas mãos - rs.
li o seu poema 2 vezes e ele é de tal modo rico em tudo, que nem sei o k lhe dizer.
grata pela semântica do mesmo e pelas bonitas linhas, k aqui li.
beijo e bom fim de semana.
como está, minha Amiga?
esta longa ausência é de preocupar?
desejo que esteja tudo bem consigo.
um beijo.
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