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Há formas na inconstância do informe, do disforme,
do que amarro, com nós górdios, em silêncios gritantes.
Há formas, nas sombras ensombradas de vazios hiantes.
Sem corpo, sem rosto, nem cor, matéria serpentiforme
como lava escorrendo altivamente, olhando o infinito.
Há formas na intemporalidade de uma alma sem luz,
há rios correndo para a nascente de algo impalpável,
de neblinas fugidias por entre a vida descartável,
por entre dedos enclavinhados aos pés de uma cruz.
Como vaga presa no grito, rasgando o absurdo de um rito.
Há formas no pensamento feito de limbo, feito de nadas,
há luz; baça, fria. Há sons, mudos, de cavernosa solidão.
E há vida invisível, flutuando nas dobras da escuridão.
Há vida a resvalar no asfalto de estradas ocas e molhadas.
Devem haver formas na alma moribunda em esvaziado grito.
Há formas na inconformidade do ser, no desnorte da sorte,
no resvalar dos dias, no arrastar dos tempos levando a vida
de rajada. Haverá formas no inadiável da dor incontida?
Haverá forma na passagem da vida para a morte?
Há forma, sim, nas letras da carta, solitária, onde fica
inscrito:
Amo-te - com letras de sangue, coração sem cor e alma sem
forma….
Lágrimas de lua
2 comentários:
Todas as coisas têm a sua forma, ainda que algumas "Sem corpo, sem rosto, nem cor, matéria serpentiforme como lava escorrendo altivamente, olhando o infinito".
Um poema de peso, com forma e conteúdo. Parabéns pela excelência das tuas palavras. Gostei imenso.
Bom fim de semana, querida amiga.
Beijo.
...e em tudo há uma razão
uma qualquer áurea aos corpos
prendida/nascida
um pensamento
uma emoção
e, não fora assim
para que serviria
os corpos terem energia
própria a cada abanão, ou não?
Gostei muito do poema, minha Amiga.
(uma semana para 'digerir' tanto sentir...)
Um beijo e óptica semana.
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