Descobri que me acorrentei ao que inventei, de pés nus e
alma em fogo, de coração puro e crédulo.
Descobri que, cada nota desta música, que me compõe os passos,
é uma estagnada melodia. Mar incrédulo.
Descobri que amo sem saber porquê, nem a quem. Que me embalo
numa teia de palavras e água.
Descobri que quero sem saber o quê, ou sabendo; sem poder
saber. Ou querendo, apenas mergulho na mágoa.
Descobri que os meus olhos vêem além do mar, o coração sente
além do sentimento; e acreditei.
E esperei de alma sem barreiras, e deixei todas as defesas
no chão, permiti que entrasses; e aguardei.
E acalentei, de novo, a esperança, enamorei-me de uma
utopia, de um som de mar sobre o rochedo.
E olhei, com olhos de gaivota fugidia, de garça esguia, de
andorinha benfazeja, arrostei-me a novo degredo.
E forcei-me pelo vendaval, abri os braços à tormenta,
rasguei a carne, abri a garganta, cortei as mãos no fio de todas as navalhas.
E deitei-me na lava de um vulcão, mergulhei em tenebrosa
lagoa, dancei com as sereias e emergi de negras muralhas.
Descobri que sou de lugar nenhum, que trago farrapos de alma,
sem cor, presos nos cabelos de uma vida.
Descobri que o mundo é uma toalha alva ao sol estival, e um
segredo em noite escura. É refeição dividida.
Descobri que o mundo gira ao contrário e que habito do outro
lado do espelho. Que acreditar é para crianças.
Descobri que amar é para os anjos, e sou apenas mulher.
Descobri que apago a porta, lentamente, às esperanças.
Descobri que o mar é só sal. Que o rio corre sem sentido.
Imagem retirada da net |
Lágrimas de lua
3 comentários:
Quanta descoberta...
O texto é excelente, de uma criatividade literária pouco usual na blogosfera.
Parabéns pelo teu talento para as letras.
Minha amiga, continuação de boa semana.
Beijo.
Minha amiga, como gosto destas tuas descobertas. Escreves tão bem.
Beijinho minha querida.
Passei para ver as novidades.
Mas gostei de reler as tuas excelentes palavras.
Querida amiga, um bom fim de semana.
Beijo.
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