quarta-feira, setembro 19, 2018

CAIS DE ANTEPASSADAS PEDRAS




Imagem retirada da net











Um rasto de luz, uma porta entreaberta,
um sopro de verde, uma lágrima de vento,
notas soltas no sereno pela mão da feiticeira
que da lua espreita, esta ilha deserta,
este chão de pedras magoadas de esquecimento.
Uma barca sem leme pela bruma aventureira.

Uma voz que desliza, nas sombras de uma inventada aurora,
porque não sabe se acorda, se grita, se ri ou chora.
Um olhar sem idade, nas encruzilhadas do nada,
porque perdeu o combate, porque sucumbiu ao fio da espada.

Uma criança que espera no cais de todos os adeus,
embebido de águas sem tempo, de um azul profundo,
de um grito de prazer amordaçado pela mão do vazio.
Um dia que adormece nos braços robustos dos plebeus,
repousando da fome e da imensidão do mundo.
Uma carta sem palavras no mais sano desvario.

Uma pedra laçada, uma onda maior, uma praia sem mim,
uma aurora anunciada em noites de veludo e jasmim.
Uma taça doirada, de fel adornada, um beijo suspenso,
uma vida lacada, uma tela inacabada no suave perfume de incenso.

Lágrimas de lua

quarta-feira, setembro 05, 2018

ESCADAS PARA O INFINITO - Foto de Carlos Rolo

Foto de CARLOS ROLO



Encaneci nas esperas de verdes vestidas,
verguei o corpo, outrora esbelto, desfaleci.
Ao vento soltei os cabelos, nas sete partidas
do mundo; do meu mundo, e estremeci;
de fome? De frio? De abandono?
Ou apenas de árvore grácil à espera de um Outono?
Estendi os braços cristalizando a esperança,
atapetei-me de musgos, vesti-me de mansas heras.
O tempo percorre-me as veias na temperança
dos ocasos, de sonhadas auroras, quem sabe…quimeras?

Sei que guardo comigo as escadas para o infinito.


Lágrimas de lua

terça-feira, setembro 04, 2018

O PULSAR DOS SONHOS



Esta noite percorri sete mares em busca de sete véus de magia,
traguei sete poções de amor, e sete de perdição, à luz da prateada lua.
Dancei no fogo de um braseiro que não arde, entreguei a alma nua
às mãos de uma nova madrugada. Encontrei-me com o vazio nessa louca correria,
e das mãos vazias e velhas escorrem memórias pintadas em telas intemporais.

Esta noite percorri o infinito em busca do pulsar dos sonhos,
em busca de razões e sinais, em busca de signos e runas,
de lendas enfeitiçadas, presas em lagoas afundadas, em singelas dunas.
Vesti-me de névoas e brumas, naveguei em barcos tristonhos
Tricotei novelos de espuma nas nuvens dos temporais.

E abracei o sereno, renasci à luz de um novo sol, mergulhei no abismo
de azul e verde enfeitado, deitei-me com as ninfas e as conchas sem futuro
num areal inventado, numa ilha para lá do mar, onde não há tempo nem muro,
nem manhã nem ocaso, apenas o tempo passa num bruxuleante grafismo,
apenas a vida escorre, lenta, sedenta, dançando insana nos vendavais.




Lágrimas de lua



O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...