Canto, com rugas na voz um “já passou”
que foi e esteve, que foi e foi, que acabou.
Escrevo, com gelhas na ponta dos dedos,
os sorrisos, as lágrimas, os sonhos e todos os medos.
Olho, com passado nos olhos cansados,
vestidos de folhas de Outonos esfumados.
Sorrio, com lábios de encanecida alegria
e colo o sorriso, com a cola da nostalgia.
Danço, com passos de infiltrado desamor,
na roda das bruxas esconjurando o pavor.
Volto e canto; com rugas de ir sem destino,
sem vontade de voltar a este país ambarino.
Volto e escrevo; com gelhas de vida esburacada,
e toco e fujo, e beijo e mordo o caminho desnudada.
Volto e sorrio, com arreganhada utopia sem cor,
e sigo, com o rumo do sem destino, já sem dor.
Volto e danço, com sapatos de sonhos brumosos,
vestido de fada esquecida, com olhos tumultuosos.
Canto, com rugas na voz, gelhas no rosto e um gosto de “terminou”.
Lágrimas de lua
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