sexta-feira, março 08, 2019

MULHER


Por dentro da minha pele, sopram ventos
de gritos calados, no amadurecer dos dias.
Nos trilhos que rasgo por entre verdes sonolentos,
por entre fragas de sombras longas e frias.
Por dentro da minha pele palpito eu,
mescla de bem e mal, anjo e demónio, sim e não.
Por dentro da minha pele, que alguém esqueceu,
existem palavras por dizer, feitas de amor e pão,
feitas de dádiva mordida, 
de uma dor sofrida,
feitas de sal e sol, feitas de saudade e perdão.






Por dentro da minha pele existe uma alma,
existe um pedaço de sopro eterno,
existe passado, presente, um futuro onde se espalma
o passar do tempo, como o rigor do inverno.
Por dentro da minha pele vibram sonhos,
enterrados, como espinhos, em terra viva,
esgrimindo farrapos velhos e tristonhos,
esperando o tempo do porvir como  lágrima cativa.
Palpita ainda a chama imortal
de um amor intemporal,
que a vida arrastou na maré dura e intempestiva.

Lágrimas de lua

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