De olhos cerrados ao ruído da vida, parti!
Parti de mim e dos outros… apenas fluí.
Senti o sopro do vento agreste, e o sal; duro,
de um mar que envolve e abraça; ninho seguro
de uma alma em viagem, de um ser em busca,
de um corpo que respira e sonha e em si rebusca
todos os acordes de uma muda melodia.
De olhos cerrados sigo ao som de uma fantasia.
Num pólo que não tem avesso nem direito,
lanço todos os silêncios, escuto o coração no peito,
ganho olhos de milhafre, e alma de pomba amável,
vogo em concha de perdido nautilus palpável,
da vida contorcida em partos sem retorno.
É um caleidoscópio de verde, e um abismo moreno,
rodopio de insustentável leveza sobre um olhar sereno.
De olhos cerrados ao ruído da vida, mergulhei
nesta viragem de polares agitações, e pintei
uma tela de involuções em verdes intemporais.
Lágrimas de lua