Sou mãe do nada ancorado no arrabalde de um sonho.
Sou a mão que a neblina estende enfeitando o infinito,
sou o que não sou, mascarando o passado e o bisonho,
e sou um caminho por trilhar em mágico e estranho rito.
Sou mãe do nada que emoldura a vida, escorrendo de uma ária
solfejada em Dó Menor, Ré sustenido. Barítono enamorado
de uma encantada Moura, qual musa enfeitiçante e lendária.
Sou o que toco na caricia da pele, no beijo efémero, apenas
sonhado.
Sou mãe do nada que brinca por entre os vetustos troncos
ardentes,
mordendo histórias que o tempo encerra, e os homens
esquecem.
Sou vento norte e brisa do mar; salgada, subindo falésias
recrudescentes.
Sou o corpo que viaja entre o tudo e o nada, sou olhos que
enfraquecem
e mãos que prendem o vazio, escorrendo como água; verde e
azul.
Como gotas de um sol gasto, duramente encanecido,
como pétalas soltas, abandonadas ao cálido vento sul.
Sou mãe de um nada ou de um tudo; um início há muito
esquecido.
Lágrimas de lua
6 comentários:
Que poema lindo, profundo e triste ao mesmo tempo.
Toca na alma...
Obrigada por partilhar
Beijinho enorme
"Sou mãe..." de todas as coisas.
As boas e as outras, aquelas que
não veem por bem. E, como todas as
mães, dos seus filhos nada esquecerá.
Um poema belo e dorido. Um percurso
sentido.
Um beijo, querida amiga nestes tempos
tão difíceis. Cuide-se.
És mãe e isso basta...
O tudo e o nada fazem parte da vida de uma mãe, seja de filhos, de ideias, de sonhos, etc.
Gostei muito do teu poema, é excelente. E rico em imagens poéticas de elevado nível poético.
Bom fim de semana, querida amiga sem nome ao luar...
Beijo.
Expressivo e bem escrito poema.meus aplausos. Um abraço. Lindo seu blog.
Ser mãe, seja ele de tudo ou nada, é ser um ser enorme e maravilhoso, como o teu poema.
Boa Semana
Beijo
Passei para ver as novidades.
Mas gostei de reler este excelente poema.
Bom resto de semana, querida amiga.
Beijo.
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