quinta-feira, novembro 19, 2020

SEM AMARRAS ... SEM CHÃO...

Quando as amarras que nos predem ao chão,

nada mais são que laças cordas sem vida,

nós esgotados, rasgadas velas, farrapos em ferida.

O tempo desliza pela brecha do passado vão.

Olhamos a estrada, constante e esguia,

traçamos os passos, contamos estrelas, desafiamos a lua,

e somos garças de voo lento e musgos de alma nua,

escrevemos no vento, corremos à porfia.

Quando as amarras já não nos prendem ao chão,

o nosso chão se dilui nas asas de uma gaivota errante,

e os sonhos se escondem nas ondas da maré vazante,

os olhos buscam a paz, horizonte, luz e perdão.

Escrevemos o tempo no avesso dos dias,

sonhamos o irreal num barco de papel

navegando a vida na ponta de um cordel,

quebrando amarras de cores sombrias.


Lágrimas de lua



domingo, novembro 01, 2020

ARRABALDE DO SONHO






Sou mãe do nada ancorado no arrabalde de um sonho.
Sou a mão que a neblina estende enfeitando o infinito,
sou o que não sou, mascarando o passado e o bisonho,
e sou um caminho por trilhar em mágico e estranho rito.
Sou mãe do nada que emoldura a vida, escorrendo de uma ária
solfejada em Dó Menor, Ré sustenido. Barítono enamorado
de uma encantada Moura, qual musa enfeitiçante e lendária.
Sou o que toco na caricia da pele, no beijo efémero, apenas sonhado.
Sou mãe do nada que brinca por entre os vetustos troncos ardentes,
mordendo histórias que o tempo encerra, e os homens esquecem.
Sou vento norte e brisa do mar; salgada, subindo falésias recrudescentes.
Sou o corpo que viaja entre o tudo e o nada, sou olhos que enfraquecem
e mãos que prendem o vazio, escorrendo como água; verde e azul.
Como gotas de um sol gasto, duramente encanecido,
como pétalas soltas, abandonadas ao cálido vento sul.
Sou mãe de um nada ou de um tudo; um início há muito esquecido.

Lágrimas de lua

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...