Quando as amarras que nos predem ao chão,
nada mais são que laças cordas sem vida,
nós esgotados, rasgadas velas, farrapos em ferida.
O tempo desliza pela brecha do passado vão.
Olhamos a estrada, constante e esguia,
traçamos os passos, contamos estrelas, desafiamos a lua,
e somos garças de voo lento e musgos de alma nua,
escrevemos no vento, corremos à porfia.
Quando as amarras já não nos prendem ao chão,
o nosso chão se dilui nas asas de uma gaivota errante,
e os sonhos se escondem nas ondas da maré vazante,
os olhos buscam a paz, horizonte, luz e perdão.
Escrevemos o tempo no avesso dos dias,
sonhamos o irreal num barco de papel
navegando a vida na ponta de um cordel,