sábado, fevereiro 20, 2010

RASGANDO A ARIDEZ


Mãos abertas, mãos estendidas,

mãos indefesas e desertas

como o olhar perdido na imensidão

do mar em ondas rendidas,

em luas rasgadas e incertas.

Mãos desejosas sofrendo na solidão

do abraço que tarda, do beijo sonhado,

eternamente adiado.

Mãos que se fecham, mãos que choram

como órfãos no desconsolo da noite,

no desvario do escuro e duro vazio.

Mãos que se abrem e imploram

o toque breve, afago que se afoite

a quebrar as amarras e este frio

que se instala de manso e tudo consome;

O calor, o amor, a vida...tudo se some

nas mãos vazias, duras e frias,

somente abertas.

3 comentários:

Anjo azul disse...

Lindo! É de ler e reler...
Adorei!
Desejos de uma semana iluminada de paz amor e muita alegria
Bjs em seu coração
AnjoAzul

Dark angel disse...

Este texto elevou-me ao meu mais profundo sentimento de carinho, porque me faz lembrar a minha avó, uma das pessoas ( senão mesmo a pessoa ) que mais me marca na minha vida. Nela vejo essas mãos, abertas a tudo depois de também terem dado tudo e muitas vezes sem retorno. No olhar um sempre terno abraço de quem tem tanta sabedoria para dar e quase sempre é desvalorizado. Na boca, um sempre presente sorriso, sofredor de uma idade que lhe merece respeito e gratidão.
Obrigada pelas palavras, têm o que de mais pacífico se pode ter e mais ensinamento se pode encontrar.

A.S. disse...

Belo poema! Adorei...

Beijos
AL

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As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...