sexta-feira, novembro 26, 2010

PENDULO


Balanço, balanceando na corda da ilusão,

balanço, menina louca, nesta imensa indecisão.

Balança criança adulta, na esperança de uma certeza,

balança mulher ingénua, lutando na aspereza

do caminho que traçaste.

Balanço, balanceando na certeza do pouco espaço,

balanço cambaleando, no tempo que é sempre escasso.

Balança, balança sem fim, dolente e sem pensar,

balança no rodopio do espaço por conquistar.

Tropeça naquilo porque lutaste.

Balanço, balanceando deixando que me fira

o balanço desta mágoa, este mar da eterna ira.

Balanço, balanceando contra a outra que sou eu.

domingo, novembro 21, 2010

ALVA VELA

Tenho tudo arrumado no gavetão

do "não quero pensar".

Tenho tudo organizado no eterno chavão;

"O que for se verá".

Hoje acho que consigo tudo e, se tentar,

até consigo antever o que se dirá.

Hoje sou dona do que sinto, porque não sinto.

Apenas calo, apenas guardo, apenas pinto

de cores neutras a minha imensa tela.

Tenho tudo empacotado lá no meu sotão

empoeirado de esquecimento e solidão.

Tenho tudo adormecido, de onde não brotam

imagens, nem sons, memórias ou mágoas,

se eu não pensar e não querer. Se fechar a mão

e nela esconder todas as tarefas árduas

que já vivi e vivo, largando-as na minha alva vela

como uma neutra pintura de uma batalha perdida.


O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...