Escrava do tempo e do silêncio vagueio pelas ruas da vida
procuro o chão que não tenho e o céu que já não vejo.
Agrilhoada à ausência que visto como segunda pele,
encastoo o olhar na distância que não quero percorrer.
Escrava de um sonho que foi o meu ponto de partida
palmilho descalça o trilho que é a luz do meu desejo.
Desejo que não morre ou esmorece, feito de frutos e mel
e de voz presa na garganta com palavras por dizer.
Escrava do tempo e da ausência, ao silêncio agrilhoada,
espero um tempo sem tempo, espero um amanhecer que tarda
e do qual já desespero. Espero de alma fria e calada.
Espero ... de sonhos despojada.
1 comentário:
Ser escrava do tempo, do silêncio, do sonho e da ausência... Sentir os pés aguilhoados, a voz emudecida, o sonhos se desfazendo e a ausência se tornando mais forte, mais presente... E este esperar por algo tão distante e que mesmo assim não deixa o desejo morrer ou esmorecer, porque é "feito de frutos e mel e de voz presa na garganta com palavras por dizer". E este esperar por um tempo sem tempo, um amanhecer que tarda, este esperar de alma fria e calada... E sem nenhum sonho a preencher esta espera!
Ah, minha querida amiga, que poema lindo! Um cantar doído que nos chega à alma e ali se acomoda despertando em nós lembranças de tempos vividos também em espera... Adoro te ler, pois consegues nos tocar o coração com versos construídos dentro da vida, sofridos na alma, e acomodados no coração.
Que tenhas um alegre final de semana.
Fica um beijo do meu para o teu coração,
Helena
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