segunda-feira, fevereiro 19, 2018

MÊS APÓS MÊS - O CÉU

E o tempo passa, escorre e esvai-se 
pelo rasgão que se abre, sem dó, neste mar.
Nesta distância que não se encurta,
nesta ausência que não desiste de gritar,
que não desiste de doer e se furta
ao balsamo do tempo a resvalar.

E as memórias, que vestem a alma,

são frágeis véus de fosca neblina,
são pinceladas de um pintor louco,
são os passos de uma criança franzina.
São olhos quebrando a pouco e pouco
desdobrando a saudade que se amotina.

E as nuvens encobrem as estrelas, lá no alto,
lá em cima, brilhando em harmonia,
faça sol, venha a chuva, sopre o vento,
elas olham, velam, em silenciosa sintonia.
Mas o tempo, passando, continua avarento,
trancando em si a paz, em murmurada litania.

O tempo, passa, escorre e esvai-se, pelo rasgão de uma vida.

(às minhas estrelas)


Lágrimas de lua



Imagem da net



2 comentários:

Luna disse...

Dizem que o tempo é intemporal, senti mo-lo em 3 dimensões mas apesar de o sentirmos real é ilusório, mas eu gosto de ver o tempo passar as modificações que vão acontecendo, apesar de algumas nos darem cabo da cabeça , como as artrose eheheh ,
bjs

Jaime Portela disse...

O tempo passa e nós também.
Mas o céu vai teimando e ficando há milhões e milhões de anos...
Magnífico poema, parabéns.
Bom fim de semana, querida amiga.
Beijo.

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...