O vento rasgou-se pelos fraguedos,
uivando por entre as penedias,
açoitando as copas em diálogos; bravias.
Vergando os troncos ao peso dos segredos.
O dia foi-se escoando, pela brecha das horas,
e a ventania, rugindo, empurrando as demoras
que o tempo se apressa, e não para, nem espera.
As árvores falavam, na sua linguagem de folhas,
balouçando, assustadas, ao sabor do vento morno.
Dobram-se e contorcem-se alterando o seu contorno.
O vento das cercanias não permite outras escolhas,
açoita alegremente a paisagem, soprando sonhos,
afastando medos, e magos loucos e bisonhos.
Desnorteou-se o vento, como suspensa quimera,
de um outonal dia em despedida.
Lágrimas de lua