São ocas as palavras que pendem de olhos fechados,
de corações anquilosados, num bater sem ritmo,
sem cor, nem idade. São ocos os sonhos guardados
no baú da dor, na rigidez nua de um algoritmo,
ou no gume de uma adaga, que a História corrompeu.
São esfumadas as memórias que a vida já viveu.
São ocas as palavras que escorrem de lábios lilases,
que se escondem nas rugas de uma crua mentira.
São ocas as mãos que sustentam dias vorazes
e noites de insónia, onde a solidão ecoa e suspira.
São ocos os passos que pisam o caminho errante,
deslizando, sem norte, sempre para jusante.
Ocas são as palavras, ocos os pensamentos,
ocas as vidas empurradas por duros ventos.
Ocas são as bocas que amassam o amor,
destruindo-lhe a essência, pintando-o de dor.
Lágrimas de lua