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O mundo ao contrário, do avesso, do outro lado,
rasguei um lenho no mundo para descobrir o infinito,
espreitei: criança curiosa, o desconhecido encantado,
para além do sonhado, imaginado, para além do que foi dito.
Vi aves rastejando no deserto, baleias rindo no céu,
vi vulcões de mansas águas e lagos de eriçadas lavas.
Vi dias nascendo como noites de agoirento breu,
e luas de brilhantes auras envoltas em chuvas alvas.
Vi sonhos, como espantalhos, em maduros trigais,
vi lágrimas, como orvalhos de impenetrável aridez,
vi crianças calejadas de desalentados brandais,
e amantes esquecidos em destroçada lucidez.
Vi navios de chegada acenado em dura partida,
num cais de brilhante e mágica neblina.
Vi os teus olhos magoando a distancia incontida,
e os beijos, como nuvens, pairando em surdina.
Mudei o rumo dos mares, empoei as madrugadas,
e, de cartolas vazias, fiz nascer um novo dia.
Neste mundo do avesso, as palavras enrugadas
rasgam como lancetas, espreitam em agonia,
por este lenho aberto, bem no coração do mundo, à porfia.
Lágrimas de lua
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