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Sentei-me à beira do caminho e escutei o silêncio que me sussurra a tua voz. Escutei a folhagem que rumoreja lá no alto e me faz sentir pequena, perdida casquinha de noz. Duas lágrimas, quais pérolas doridas, rolam caladas, descem mansas,
descoloridas, pelas faces já cansadas. No peito o coração já se calou ao estoque das punhaladas. Perdida do amor me encontrei, perdida do sonho caminho, e todos os passos que dei foram aves sem rumo nem ninho.
Sentei-me à beira do caminho e chorei, solucei perdidamente, a noite desceu e mansa me envolveu em seu manto, cobrindo-me friamente. As pedras rasgaram as trevas e os seu brados lamberam a cercania, o ribeiro chorou pelas fragas e nos cabeços uivou a dura ventania.
Sentei-me à beira do caminho pontilhado a azul e rosa, encabeçado de verde, vestido de fantasia.
Sentei-me à beira do caminho e soçobrei na ironia.