A noite sobrepôs-se ao dia.
No breu estrelado e longínquo
uma estrela cintila lá no alto.
A envergonhada lua fugidia
brinca com o riacho ubíquo,
docemente escorrendo pelo basalto.
A voz murmurante do negrume
veste a alma errante de poesia,
faz com que o vazio se esfume
e enche a noite de magia.
Aconchega nas mãos negras e cálidas
os corações em agonia,
cobre com o seu manto de rosas pálidas
esta nocturna sinfonia.
A noite desceu mansa, silenciosa,
prenhe de segredos e desejos,
de sonhos e desenganos.
As mãos postas em prece ansiosa
soluçada de perdidos ensejos,
ecoa na noite como vagabundos insanos.
Oh! Negra noite fugidia...