A vida é um segundo de amor, efémero e suspenso.
A vida é uma gota de orvalho que o sol seca impiedoso.
A vida é um breve e estranho momento, intenso,
a um tempo doce e amargo, alegre e pesaroso.
A vida é um segundo de amor, tão ténue e tão fugaz,
que se dilui na voracidade dos dias, na horas vazias,
na ausência feroz, na luta rude e audaz.
A vida é um segundo de amor, de noites sombrias.
A vida é um grito sem som, é uma lágrima sufocada,
é uma alma sem cor e amordaçada.
A vida é uma aridez de deserto, é um vento suão.
É uma ferida profunda, um abismo, um tufão.
A vida é um passo a cada a dia pisando a dor,
pendurando em cada árvore a lembrança sem cor,
calando a mágoa, esquecendo a memória,
olhando a estrada ingrata e inglória.
A vida é um segundo de amor, cego, surdo, espezinhado.
A vida é um segundo de amor, que se viveu e perdeu,
que passou no vórtice do tempo acelerado.
A vida é um segundo de amor… Que não ficou e se desvaneceu.