A vida é um segundo de amor, efémero e suspenso.
A vida é uma gota de orvalho que o sol seca impiedoso.
A vida é um breve e estranho momento, intenso,
a um tempo doce e amargo, alegre e pesaroso.
A vida é um segundo de amor, tão ténue e tão fugaz,
que se dilui na voracidade dos dias, na horas vazias,
na ausência feroz, na luta rude e audaz.
A vida é um segundo de amor, de noites sombrias.
A vida é um grito sem som, é uma lágrima sufocada,
é uma alma sem cor e amordaçada.
A vida é uma aridez de deserto, é um vento suão.
É uma ferida profunda, um abismo, um tufão.
A vida é um passo a cada a dia pisando a dor,
pendurando em cada árvore a lembrança sem cor,
calando a mágoa, esquecendo a memória,
olhando a estrada ingrata e inglória.
A vida é um segundo de amor, cego, surdo, espezinhado.
A vida é um segundo de amor, que se viveu e perdeu,
que passou no vórtice do tempo acelerado.
A vida é um segundo de amor… Que não ficou e se desvaneceu.
5 comentários:
Minha querida adoro ler-te, existem palavras tuas que parecem ser minhas, mas que não sei escrever.
Sinto que teu coração está muito triste.
Beijinho e uma flor
A vida é breve demais, mas ainda bem que conseguimos guardar os segundos bons dentro de nós, o que vivemos tornou-nos mais ricos.
"Segundo de amor" é uma verdadeira obra poética que transmite ao leitor uma profusão de emoções que transcendem a sensibilidade transpondo-se para além do ser no interrogar da existência.
Meus aplausos!
ZCH
Vida, é um segundo de amor
morrer de desejo para
colocar nos lábios
a doçura de um beijo
que respira
e dizer à alma... suspira!
Bjuss, AL
Um segundo de amor, mesmo breve e estranho, sendo intenso pode ser doce ou amargo, alegre ou pesaroso e pode se transformar numa vida, sendo que uma gota de orvalho pode conter uma vida, mesmo sendo secada impiedosamente pelo sol... A vida é tão tênue e fugaz que se dilui nas horas vazias ou nas noites sombrias levadas na voracidade dos dias... Sendo um grito sem som e uma lágrima sufocada numa alma descolorida e amordaçada pode se transformar num deserto tão árido que abre uma ferida profunda e nos joga num abismo... Os passos que damos a cada dia pode esmagar a dor e marcar os segundos que teimam em silenciar as mágoas enquanto olha a estrada que se apaga na memória... Aquele amor vendado, machucado e de ouvidos cerrados que um dia se perdeu e transformou a vida num segundo que não ficou, pois se perdeu no redemoinho do tempo... ah, aquele amor hoje é apenas uma lembrança!
Minha querida, tive que viajar no teu poema, pois à medida em que ia me envolvendo na verdade contida nos versos fui tomada por uma lembrança tão marcante que tive que exorcizá-la neste texto.
A delicadeza da imagem associada a uma nostálgica constatação nos deixam meio que perdidos frente a uma incontestável verdade.
Que as horas dos teus dias sejam enfeitadas com sorrisos de anjos, para que o luar perdido seja encontrado entre as estrelas...
Com carinho,
Helena
(http://helena.blogs.sapo.pt)
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