Mero invólucro de carne e ossos consumado
onde os sonhos perderam o norte e o sentido.
Os olhos ainda vêm as auroras e os ocasos,
os lábios ainda se arrepiam num sorriso apagado,
mas o mundo parece vago, escuro e tão despido.
Um mero invólucro o meu para que não haja atrasos
nos caminhos por percorrer, nas madrugadas por nascer,
apenas um casulo feito de brumas e desenganos.
Nas mãos os farrapos de uma vida esfumada,
nos olhos um lírio roxo de longo padecer.
No coração um vazio que se fez ao longo dos anos
e se colou à pele camada após camada, após camada.
Mero invólucro esta minha concha vazia
onde os sentidos se perdem e diluem devagar,
onde os dias são noites e as noites são luas a morrer.
Onde do limbo espreita um olhar de dorida agonia
e do vazio a voz rouca de um passado por enterrar.
E os dias passam, arrasta-se a vida por mim a escorrer.
Mero invólucro de perdida alma de negras brumas
enfeitada de vazios e ocos enganos... Mero invólucro!
Um local tranquilo onde os raios de lua, feitos palavras, lançam feitiços e enxugam lágrimas
sexta-feira, dezembro 25, 2015
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