Calam-se os pincéis na pressa das horas
que medeiam entre o nascer e o ocaso.
Cala-se a solidão onde ainda moras
e onde me perco tropeçando ao acaso
nas pedras das memórias e dos sonhos perdidos.
Nos trilhos das saudades e de beijos esquecidos.
Calam-se as cores da minha tela inacabada
que o vazio veio pintar de negros tons.
Cala-se a lembrança e a esperança ansiada,
morrem aos poucos todos os sons
das promessas implícitas e afloradas,
das promessas toscas, balbuciadas.
Calam-se as horas que arrastam o virar do ano,
e calam-se os sonhos que perderam a cor.
Cala-se o mundo mas o tempo corre profano
e nada parece calar esta dor
que me grassa no peito e perturba a calma,
que me invade sombria e me rasga a alma.
Calam-se os pincéis na minha tela inacabada
e a vida esvaí-se por um ferida profanada.
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