Não alimentes uma fogueira que já não tem lenha por onde
arder,
Não alimentes a ave que morreu na manhã gelada da solidão.
Não alimentes. Não alimentes os sonhos que só te fizeram
perder
o pé, o rumo, o
tempo, a estrada da vida na curva da desilusão.
Não alimentes. Não alimentes a ilusão que tu própria criaste
com a força de um sentimento avassalador e transcendente.
Apaga as pegadas que ficaram na areia que já trilhaste
e segue, segue de “pé como as árvores”, ou como sol
incandescente.
Mas não alimentes a fogueira nem a chama, não alimentes a
mentira
que pautou o teu caminhar, cuidando que era verdade e que te
era destinada.
Não, não alimentes esse sonho, essa miragem que a saudade
revestira
de vã esperança, de louca obstinação. Não, não alimentes a
chama condenada,
o tempo já esfumou a sua luz, resta deixar que arrefeça e se
desfaça em esquecimento.
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