sexta-feira, setembro 30, 2016

NOS BRAÇOS DE UM MAR DESCONHECIDO







Adormeço nos braços do mar, cobrem-me o corpo as gaivotas
com penas de duro penar. Nos cabelos, verdes algas, escondem-se ilhas ignotas.
A lua veio embalar um sono de sonhos profundos,
e espalha docemente no ar, pó de estrelas, visões de novos mundos.
Adormeço nos lençóis da fantasia, como se menina ainda fosse,
como se a vida não houvesse traído os sonhos, amordaçado o coração,
quebrado as asas de uma andorinha perdida da Primavera precoce.
Embalado o coração dorido e a alma exangue, sigo no silêncio de uma oração
que da voz do mar se eleva. Sigo na concha de um nautilus aventureiro,
vou á deriva da maré. Vou á bolina do poema, vou como arrojado arpoeiro
que na proa se ergue sem medo. Vou como anjo ou demónio, pétala lançada ao vento.
Adormeço nos braços do mar, esqueço a vida, a dor, o pranto. Esqueço o desalento.

Apenas vou rumo ao infinito; borboleta de mil cores que das mãos do sonho se eleva.

4 comentários:

Jaime Portela disse...

Este excelente texto, não é prosa.
É poesia e da boa.
Parabéns pelo teu talento, querida amiga.
Tem um bom fim de semana.
Beijo.

Flor de Jasmim disse...

Arrepia de tão bonito e profundo!

Beijinho minha querida amiga.

A.S. disse...

Sem o fulgor do teu reflexo
o céu vai perdendo a luz, a vida não tem cor,
os sonhos desvanecem na linha do horizonte...

LuísM Castanheira disse...

"viajar é preciso.." mesmo ao nosso interior menos conciso.

O TEMPO PERDIDO NÃO SE RECUPERA

As palavras lançadas não voltam atrás, o tempo perdido já não tem retorno e a vida esvai-se, no silêncio voraz. Fica o caminho, diluído, sem...